O ministro do STF Gilmar Mendes, que trocou 33 telefonemas com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) entre março e maio, chamou de "fofocagem no plano das instituições" o relatório da Polícia Federal que contém a informação.
"É um certo assanhamento, uma certa irresponsabilidade, só que feita não por ativistas, mas por gente que tem responsabilidade institucional: delegado, ministro, juiz... Isso não pode se fazer. Isso é abuso de autoridade", disse Gilmar ao jornal Folha de S.Paulo, após evento em Porto Alegre, nesta segunda (23).
Na quinta (19), o BuzzFeed News revelou que o relatório estava disponível publicamente em um dos processos que tramitam no Supremo e que tem como parte Aécio, sob a relatoria do ministro Edson Fachin.
Não se sabe o conteúdo das conversas, que foram feitas via WhatsApp. Uma das 33 ligações aconteceu no dia em que Gilmar decidiu, sozinho, a favor de Aécio. Por ordem de Gilmar, um depoimento do senador que estava marcado para o dia seguinte foi cancelado.
A defesa de Aécio nega que o senador tenha tratado do assunto diretamente com o ministro. Em nota, Gilmar disse que "manteve contato constante, desde o início de sua gestão, com todos os presidentes de partidos políticos para tratar da reforma política".