A Fundação Perseu Abramo, instituto ligado ao PT, realizou uma pesquisa para compreender como pensam os moradores da periferia de São Paulo, reduto histórico em que o partido foi derrotado na eleição municipal do ano passado.
Uma das conclusões é que a população da periferia acredita na força do mérito e gosta de pessoas que "vieram de baixo".
As figuras públicas com essas características mais citadas foram o ex-presidente Lula, o apresentador Silvio Santos e o prefeito João Doria (PSDB) — exatamente o responsável por derrotar o PT, em 2016, nas áreas da cidade mais fiéis à sigla.
A pesquisa conclui que a identificação com Doria, Silvio e Lula se dá porque a população da periferia encara a resiliência como um fator positivo — "a ascensão social está relacionada à coragem, ousadia e disciplina e é tratada como um resultado individual derivado da força de vontade", segundo a publicação.
Ao analisar as citações a Lula, o estudo destaca que o petista — réu na Operação Lava Jato — é admirado "menos pelas políticas que o governo dele implementou", e "mais porque ele próprio é um bom exemplo de ascensão social".
A observação se conecta à conclusão geral do estudo, de que a população da periferia paulistana reflete o desgosto com a classe política.
"Os políticos são vistos como simples usurpadores, que não cumprem com seus deveres em relação às necessidades dos cidadãos e buscam vantagens pessoais", afirma o relatório.
O Estado é visto, dessa maneira, como um provedor de serviços ineficiente.
A maioria dos entrevistados declarou, por exemplo, que prefere que os filhos estudem em escolas privadas. "Porque eu acho que você
está pagando, você pode exigir e em escola pública
você vai exigir de quem? Não pode exigir!", disse uma mulher entrevistada, de 41 anos, com renda entre 2 e 5 salários mínimos.
A pesquisa fez uso de 63 entrevistas em profundidade e cinco grupos focais — cada um com 8 a 12 integrantes —, dividindo os participantes em quatro faixas etárias (a partir de 18 anos) e duas faixas de renda (até 5 salários mínimos). As pesquisas foram realizadas entre novembro do ano passado e janeiro deste ano.
A íntegra do estudo pode ser lida neste link.