O prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu que uma das primeiras medidas de sua gestão será a privatização do Parque Anhembi, na zona norte da cidade.
Mas quando Doria presidia a Paulistur, estatal responsável pelo turismo da cidade, ele era contrário à privatização do Anhembi.
Doria foi presidente da empresa de março de 1983 a janeiro de 1986 — quando Jânio Quadros assumiu a prefeitura no lugar de Mario Covas, que havia indicado o correligionário ao cargo.
À época, o conselheiro do Tribunal de Contas do Município Paulo Planet Buarque analisou as contas da Paulistur e sugeriu a privatização do Anhembi. Doria foi contra a ideia.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou a nota acima em 5 de agosto de 1983.
Leia a íntegra:
Baseado nas contas de 1982, já aprovadas, um conselheiro do Tribunal de Contas do Município de São Paulo defende a cessão dos imóveis da Paulistur — especialmente o Parque Anhembi — à iniciativa privada ou mesmo a transformação das instalações daquela empresa em dependência da Secretaria Municipal de Cultura, um modo de acabar com os constantes déficits dos últimos anos. Entretanto, o atual presidente da Paulistur, João Doria Junior, que assumiu o cargo em março de 83, não concorda com a tese defendida pelo conselheiro Paulo Planet Buarque, embora confirme a existência de prejuízos nas administrações passadas: ele lembra que, nos últimos meses, para economizar, dispensou funcionários “fantasmas”, cortou outros gastos e tem conseguido manter promoções de turismo e lazer sem maiores despesas, graças aos patrocínios de empresas para os eventos. Neste domingo, por exemplo, a Paulistur implantará no “playground” do Parque Ibirapuera, às 10 horas, a Feira de Troca de Brinquedos, além de manter os vários espetáculos musicais.
Quando Doria era presidente da Paulistur, a sede da empresa ficava no Anhembi. O local era, também, a principal fonte de receitas da estatal, que o alugava para shows e eventos.
Em outra reportagem da época, o tucano defendeu mais estatais de turismo: "Lanço a proposta de se transformar todas as secretarias de Cultura em empresas municipais", ele disse.
O trecho acima é parte de uma reportagem sobre patrocínios na área do turismo, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 4 de setembro de 1983. Assinantes do jornal podem ler a íntegra neste link.
O trecho destacado acima diz o seguinte:
Locando o complexo do Parque Anhembi, a Paulistur tem recursos para a manutenção do próprio complexo; captando patrocínios, ela desempenha sua função de promover lazer e turismo na cidade de São Paulo. Para atingir esse equilíbrio, João Doria Jr. introduziu na empresa uma diretora de marketing que busca a identificação do mercado para anunciantes, veículos de comunicação e serviços.
João Doria Jr. sente-se à vontade para apresentar a sua solução: “A legislação precisa ser mudada, a fim de dar às administrações diretas mais flexibilidade para permutas e patrocínios, assim como a criação de fundações deve ser estimulada. Mas eu lanço a proposta de se transformar todas as secretarias de Cultura em empresas municipais ou estaduais do desenvolvimento cultural”.