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Coletivo de esquerda da USP classifica calouros: "bolsominion", "crente", "liberal de m****"

Planilha do Coletivo Contraponto, um dos que compõe a gestão do Centro Acadêmico XI de Agosto, era intitulada "mapeamento" e analisava curtidas dos novos alunos no Facebook.

Uma planilha produzida por um coletivo de esquerda, em que calouros da Faculdade de Direito da USP são classificados segundo preferências políticas, religião e outras características pessoais, vazou na internet e gerou revolta.

Entre os termos usados para descrever os novos alunos há "crente", "judeu", "bolsominion" e "liberal de merda".

A planilha circula na internet ao menos desde terça-feira (10), quando começou a emergir em grupos fechados no Facebook. Desde então alunos e ex-alunos do Largo de São Francisco, como a Faculdade de Direito da USP é conhecida, começaram a expressar revolta.

O arquivo, intitulado "Mapeamento - Fuvest", foi criado pelo Coletivo Contraponto, um dos que compõe a gestão do Centro Acadêmico XI de Agosto — fundado em 1903, já foi presidido pelo ministro Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e é um dos órgãos estudantis mais antigos do Brasil

Os responsáveis pelo "mapa" faziam uma análise superficial dos perfis de Facebook dos calouros, incluíndo comentários sobre páginas curtidas. "Boleiro nato", dizia uma nota ao lado de um rapaz que curte páginas de futebol europeu. A planilha também tinha o nome completo dos alunos e um link para seus perfis.

mano, um dos mov estudantil da sanfran fez uma PLANILHA DE "MAPEAMENTO POLÍTICO" dos calouros do tipo "fulano. Judeu. Curte tais e tais páginas. Anarquista"

Reprodução

e a lista que vazou do ca de direito da usp? os caras, membros da juventude do PT, faziam mapeamento dos likes no facebook de calourxs ingressantes pelo sisu, simplesmente avaliavam se eram cooptáveis ou não e colocavam tudo isso numa planilha bizarra

Reprodução

Em nota, a Faculdade de Direito da USP disse que "rejeita veementemente qualquer tipo de preconceitos, segregações, intolerâncias ou classificações desabonadoras, a membros da comunidade ou em detrimento de quem for".

O Coletivo Contraponto, por sua vez, disse ter produzido o arquivo "para conseguir discutir nosso projeto de acordo com o interesse de cada um".

"Os comentários despolitizados feitos pelo coletivo são de extrema gravidade por reforçar estereótipos e preconceitos, sendo uma postura inaceitável para um grupo político que se propõe a construir um programa de esquerda, pautando sempre o combate à desigualdade e às opressões", continuou o grupo.

Leia a íntegra da nota do Coletivo Contraponto:

Nós, do Coletivo Contraponto, vimos a público escrever essa nota em explicação e retratação acerca do "mapeamento" divulgado há pouco.

Todos os anos, 460 estudantes ingressam na São Francisco. Passado o vestibular, os coletivos já começam suas atividadespara recepcionar cada um deles, assim como as demais entidades e extensões da faculdade.

Nosso coletivo atua na Sanfran desde 2013, acreditando na política enquanto modo de transformação da nossa faculdade, cidade, Estado e país. Para tanto, acreditamos na importância do diálogo, que deve pautar as nossas ações diuturnamente. Assim sendo, entendemos fundamental falar com cada um dos alunos que entram na São Francisco, atividade difícil, mas que cumpre o papel de aproximação entre o nosso coletivo e o corpo discente, sabendo que cada um tem algo a contribuir em nossa atuação.

Além disso, fazemos o mapeamento para conseguir discutir nosso projeto de acordo com o interesse de cada um, que se engajem na militância e no movimento estudantil, para que possamos trazer mais gente para lutar pelas causas que acreditamos fundamentais, seja na busca de uma faculdade inclusiva, um projeto de país soberano, ou um mundo menos injusto. O mapeamento também é fundamental para que possamos mandar o "inbox" de boas-vindas para cada ingressante pelo Facebook.

O trabalho de organizar um mapa e ampliar a partir dele nosso conhecimento e diálogo com os estudantes é muito grande, de modo que deve ser feito de forma resumida. Dessa forma, através do Facebook, é uma prática do movimento estudantil conferir o perfil de cada ingressante, analisando suas atividades nas mídias, principalmente os likes em páginas de interesse. Assim, é possível que pensemos formas de diálogo com cada estudante para agregar cada vez mais gente para o nosso projeto político, sendo os pontos que por vezes destacamos relevantes para nosso contato.

Entretanto, isso resultou, conforme já visto, na inserção de alguns comentários despolitizados e de cunho jocoso e depreciativo na planilha elaborada, dos quais ficamos envergonhados, arrependidos e profundamente desconfortáveis.

Diante disso, gostaríamos de pedir as mais sinceras desculpas a todos e todas que se sentiram ofendidos com as descrições colocadas na tabela. Entendemos o constrangimento de ter uma descrição associada ao seu nome em uma tabela a que nem mesmo se tem acesso, bem como repudiamos a presença de termos ofensivos no nosso mapa, e por isso reiteramos, mais uma vez, nossas mais sinceras desculpas.

Os comentários despolitizados feitos pelo coletivo são de extrema gravidade por reforçar estereótipos e preconceitos, sendo uma postura inaceitável para um grupo político que se propõe a construir um programa de esquerda, pautando sempre o combate à desigualdade e às opressões. Por isso, nos comprometemos a não repetir tal postura. Sempre nos mostramos abertos a debater sobre qualquer tema, com esse não será diferente.

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