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Agora estão brigando pela autoria dos quadros da Alexandra Loras, aqueles da polêmica do "black face"

Ao BuzzFeed News o designer Henrique Steyer acusou a ex-consulesa de plágio. Ela nega a cópia — e diz que a ideia do designer não era original: "Nem o título do Steyer é dele!"

O designer Henrique Steyer, autor da série de quadros "What if?", e Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo com quem ele colaborou, brigam pela autoria da exposição "Pourquoi pas?" — ele afirma que ela copiou seu trabalho.

"É plágio", disse Steyer ao BuzzFeed News, ao comentar os quadros: "Mas aqueles lá, esteticamente, não me agradam."

Loras diz que a história não é bem assim: "O propósito dele era mais comercial, por isso saiu do projeto. Acho que é uma coisa de ego ele me atacar agora", afirmou ao BuzzFeed News.

Logo que foi divulgada, a mostra "Pourquoi pas?" foi acusada de promover o racismo por escurecer a pele de pessoas brancas — o "black face", prática racista comum no teatro entre os séculos 19 e 20.

Steyer disse que conheceu Loras em uma exposição em São Paulo, em 2015. Na época, segundo a versão do designer, eles combinaram de produzir juntos uma mostra baseada na série "What if?", que retrata personalidades históricas brancas photoshopadas com pele e traços negros.

O designer diz que o combinado era que só ele pintasse, mas ambos assinassem as obras: "Eu faria os quadros, e ela entraria só com o nome", contou.

Loras afirma que isso nunca existiu.

Segundo ela, Steyer deixou o projeto por não concordar com alguns dos personagens retratados — como a apresentadora Xuxa. A ex-consulesa sugere que o fato de os quadros não estarem à venda também pesou na decisão do designer.

Como prova de que não copiou Steyer, Loras citou um trabalho do designer Tibor Kalman (1949-1999). Nas imagens da série "What if…?", Kalman retrata personalidades brancas — como a rainha Elizabeth II — com a pele pintada.

"Nem o título do Steyer é dele!", alfineta a ex-consulesa.

Nascido em Budapeste, Kalman se mudou para os Estados Unidos ainda criança e se tornou um dos designers gráficos mais influentes da história. Ele foi o editor-chefe fundador da revista Colors, criada pela Benetton em 1991 e que até hoje é referência em criatividade editorial.

Loras também mostrou um quadro dela de 2012, em que relê uma obra de Jean-Auguste Ingres (1780-1867), pintor francês neoclássico, usando a mesma técnica da exposição.

Em um post publicado no Facebook em março, Loras anunciou que faria uma parceria com Steyer "para ajudar a construir um mundo mais bonito, criativo e justo", segundo registrou o texto.

Em outubro, a ex-consulesa posou com um quadro do designer para anunciar (de novo) a parceria — a foto, feita pela revista do shopping Cidade Jardim, foi publicada na Folha de S.Paulo.

Na própria revista, para a qual Loras concedeu entrevista, está escrito que os quadros da exposição foram "feitos em parceria com o designer de móveis e arquiteto Henrique Steyer".

"Usava essas imagens como ilustrações das minhas palestras sobre diversidade. Daí a galerista Lourdina Rabieh gostou tanto que me perguntou se eu toparia fazer uma exposição delas", contou a ex-consulesa à revista.

Steyer conta que desistiu da parceria com Loras porque a galeria que iria expor os trabalhos não autorizou que ele assinasse: "A dona da galeria disse que não poderia lançar um arquiteto como artista", afirmou.

"Não trabalho sem receber crédito, desvaloriza meu trabalho", continua. "É ruim para os clientes que compraram meus quadros."

Mesmo assim, afirma Steyer, ele não guarda mágoas: "Não quero brigar com ninguém. Quero que todo mundo ganhe dinheiro e seja feliz."

Loras reafirma que a decisão foi só dele.

Quando a exposição foi anunciada oficialmente, em 25 de novembro, não havia menção a Steyer.

Sobre a polêmica do "black face", Loras defende seu trabalho e diz que o cerne de sua crítica é a baixa representação de negros na sociedade brasileira. "A novela educa mais que o livro didático", diz a ex-consulesa.

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