O senador Aécio Neves (MG), presidente afastado do PSDB, destituiu o também senador Tasso Jereissati (CE) do comando interino da sigla — ocupado por Tasso desde maio, quando Aécio tirou licença do cargo para se defender na Lava Jato.
O PSDB está rachado ao meio.
Tasso e Aécio representam os dois lados principais da briga: a ala que prega o desembarque do governo Michel Temer — liderada pelo senador cearense — e a que prefere continuar no Planalto e manter os ministérios, liderada pelo mineiro.
A disputa se arrasta há meses. E piorou publicamente.
No domingo (5), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — eminência parda entre os tucanos — publicou um artigo nos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo" defendendo, pela primeira vez, que os tucanos saiam do governo Temer.
E, em dezembro, o PSDB vai eleger seu novo presidente.
Tasso vai concorrer ao cargo. Ele oficializou a candidatura ontem (8), com um forte discurso pela ética no PSDB. O senador não citou Aécio pelo nome, mas todos na sala sabiam do que ele estava falando.
Hoje, Aécio usou a postulação da candidatura de Tasso para destituí-lo do cargo.
Aécio escreveu, na carta que enviou ao colega: "Com o objetivo de garantir a desejável isonomia entre os postulantes, estou reassumindo a presidência do partido e, ato contínuo, indicando nosso mais antigo vice-presidente".
Tasso irá disputar a presidência da sigla com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que é o preferido do grupo de Aécio.
Quem assume não é o Aécio.
E, sim, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman — aquele que o prefeito da capital paulista, João Doria, chamou de "improdutivo" e "fracassado", em um vídeo publicado no mês passado.
Com a decisão de Aécio, a torta de climão foi servida no PSDB.
O senador licenciado Ricardo Ferraço (ES), que se afastou do mandato esta semana alegando estar "decepcionado" com seu partido, foi ao Twitter reclamar da decisão: "Aécio revela total falta de pudor e limites na defesa de seus interesses".