Amigo e ex-assessor especial do presidente, Michel Temer, o advogado José Yunes foi preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal.
Outro amigo de longa data e também ex-assessor do presidente foi igualmente preso, o coronel João Batista Lima Filho.
Além deles, ainda foi detido, também em prisão temporária, com prazo de cinco dias, o empresário Antônio Celso Grecco, sócio da Rodrimar, empresa investigada por suspeita de ter pago propina a Temer para a edição do Decreto dos Portos.
Também muito próximo a Temer, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi também foi detido.
As prisões foram solicitadas pela PGR e autorizadas pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, que recentemente a quebrou o sigilo bancário de Temer justamente no inquérito que trata de sua relação com a Rodrimar.
De acordo com o advogado de Yunes, José Luis de Oliveira Lima, "é inaceitável a prisão de um advogado com mais de cinquenta anos de advocacia e vida pública e que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu à todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania".
VERDADEIRO ALVO
A prisão de figuras tão próximas de Temer, como Yunes e Lima, além do sócio da Rodrimar, indica que o verdadeiro alvo dos investigadores é a apuração sobre a conduta do presidente nos episódios de supostos recebimento de propina.
Yunes, amigo de Temer há mais de 40 anos e autointitulado "psicoterapeuta do político", seria, na visão de investigadores e de delatores da Lava Jato, um elo na corrente de parte da propina que teria sido destinada ao presidente.
A participação de Yunes no esquema foi revelada pelo BuzzFeed News a partir de delações da Odebrecht e, posteriormente, ele também foi acusado por Lúcio Funaro.
De acordo com o operador, Yunes administrava propinas pagas a Temer e fazia o branqueamento dos valores.
Tais versões são fortemente rechaçadas pela defesa de Yunes e por integrantes do Palácio do Planalto.
Os investigadores também acreditam que o coronel Lima operou o recebimento de recursos ilícitos para Temer. Num episódio da delação da J&F é dito que ele teria recebido uma caixa com dinheiro destinado à campanha de Temer na sede de sua empresa, a Argeplan.
Já a Rodrimar é peça chave em investigações contra Temer, uma vez que há um inquérito aberto e em pleno funcionamento para apurar o caso, em que o presidente figura como um dos investigados. As prisões dos amigos geraram expectativa de uma terceira denúncia contra o presidente.
Após conseguir barrar no Congresso duas denúncias e dar início à intervenção no Rio de Janeiro, Temer viu um novo horizonte se abrir e, apesar do baixo índice de popularidade, começou a trabalhar para sua reeleição ou para fazer seu sucessor.
Mas, a investigação da Polícia Federal em parceria com o ministro Luís Roberto Barroso no caso Rodrimar e do Decreto dos Portos pode se transformar na maior barreira que o presidente terá daqui até o final do ano.