Michel Temer não deve demorar para escolher o substituto do ministro Teori Zavascki.
Aliados próximos do presidente apostam inclusive que na semana que vem, findo o luto oficial, um nome deve ser anunciado.
A pressa se dá por dois motivos.
Por um lado, ministros e parlamentares próximos a Temer e enrolados na Lava Jato enxergam o início de suas salvações na indicação do possível novo relator do processo no STF.
Por outro, uma rápida indicação jogaria o problema da sucessão de Teori para o Congresso e colocaria a ministra Cármen Lúcia numa situação complicada.
Isso porque, o regimento do STF diz que é preciso se aguardar 30 dias antes de redistribuir processos em caso de ministros ausentes.
Se Temer e o possível futuro presidente do Senado Eunício Oliveira conseguirem aprovar um nome para o lugar de Teori antes desses 30 dias (e ambos acham que conseguem), deve Cármen lhe dar a Lava Jato ou deve a presidente do STF se valer de alguma manobra regimental para sortear o processo entre os hoje 10 ministros da Corte?
A intenção de jogar algumas decisões polêmicas para Cármen, inclusive, agrada o Palácio do Planalto.
A relação entre o presidente da República e a presidente do STF, que já não era das melhores, só fez piorar após a morte de Zavascki.
Cármen, querendo confirmar se Teori havia ou não morrido no acidente, precisou de Temer. Na prática, queria que ele checasse com Marinha e Aeronáutica se o ministro realmente havia sido uma das vítimas no acidente.
O problema é que, ao invés de ligar para Temer, colocou um juiz auxiliar para fazê-lo. No Planalto, a avaliação é que a presidente do STF agiu desta maneira somente para não ter de pedir um favor a Temer, o que não pegou nada bem no Planalto.
PERFIL TÉCNICO
Pressionado por ministros e caciques do PMDB investigados na Lava Jato para que indique um ‘salvador’, Michel Temer sabe que não tem força política para colocar no STF uma pessoa que claramente vá criar empecilhos para a investigação.
Atendesse a vontade dos companheiros de partido e governo, incendiaria as ruas. Além disso, daria munição para Cármen Lúcia sortear (ou até mesmo escolher) um novo relator, fazendo com que a ministra caísse nos braços do povo com um discurso pró Lava Jato.
Por isso, sabe que terá de colocar alguém de sua confiança, mas, com perfil técnico para aguentar a pressão popular e ter um mínimo de credibilidade sobre os rumos da operação.
NOMES
Nomes para a vaga de Teori não param de chegar à mesa de Temer.
O apetite é tão grande que, antes mesmo da confirmação oficial da morte de Teori, assessores da Casa Civil já começavam a receber telefonemas de lobby a favor de um ou de outro candidato a ministro.
Para se ter uma ideia, como Teori saiu do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e foi para o STF, ministros daquele tribunal entendem que a vaga é da Corte e já pressionam pela indicação do ministro Rogerio Schietti para a cadeira de Zavascki.
Há, ainda, movimentos para queimar candidatos, como é o caso do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
No governo dizem que o lançamento de seu nome, muito mais do que uma tentativa real de emplacar o ministro, é uma maneira de queimá-lo e impedir que assuma o cargo.