Deputados da oposição que defenderam o fatiamento da denúncia contra Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara vão tentar reviver a tese no plenário da Casa.
Apesar de o argumento ter sido derrubado na CCJ, a avaliação é que, no plenário, onde não há tanto controle do governo, que pôde tirar e colocar quem quis na comissão, até mesmo parte do centrão adira à proposta.
Além de questões técnicas, um argumento político tem feito a discussão crescer na Câmara.
Nem todos os deputados da base que querem salvar Michel Temer estão dispostos a blindar, também, os outros dois denunciados. No caso, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Além disso, da forma em que foi feito na CCJ, ou se salva a todos ou a nenhum. Há deputados que interpretam o caso da seguinte forma: três mandatários serão salvos, mas ao preço de um.
Devido a isso, a discussão em torno do fatiamento crescerá no plenário. Neste momento, será fundamental o papel do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Ele poderá barrar as tentativas ou permitir que o plenário decida sobre um eventual fatiamento.
Esse é um dos motivos pelo qual Temer tem feito de tudo, nos últimos dias, para aparar arestas com Maia e atender seus pedidos.
Caso a denúncia seja fatiada, há risco real de um, ou dos dois ministros, perderem sua blindagem. Com um dos três mosqueteiros já preso, no caso, Geddel Viera Lima, o risco de que Padilha ou Moreira também sejam encarcerados é encarado como sério pelo Planalto.
Fora a questão política, os deputados farão alguns apontamentos para justificar que é inviável se votar a denúncia contra três pessoas num único pacote.
Primeiro porque pode-se considerar que uns devem ser investigados e não outros. Além disso, dizem que se há três defesas no processo (e cada um dos acusados enviou a sua), é preciso que cada caso seja avaliado isoladamente.