O presidente Michel Temer obteve 263 votos e foi vitorioso nesta quarta-feira, conseguindo barrar a denúncia que iria investigá-lo pelo crime de corrupção.
Mas, se a noite é de comemorações para o governo, o dia seguinte será de intenso trabalho político.
Fiel desde o impeachment de Dilma Rousseff, deputados do chamado ‘centrão’, que reúne integrantes de partidos como o PP, PR, PSD, PTB, PROS e PSD, querem mais espaço no governo, em especial cargos hoje dados ao PSDB, que ficou dividido na votação.
Atualmente, tucanos ocupam quatro pastas na Esplanada: o ministério das Relações Exteriores, Direitos Humanos, Cidades e a Secretaria de Governo da Presidência da República.
O problema é que, de 49 deputados, 21 foram contrários ao presidente Temer.
Conhecido pela fome de cargos desde os tempos em que atuava sob a liderança de Eduardo Cunha, o centrão quer parte do espaço tucano não só na cabeça dos ministérios, mas também em cargos de segundo e terceiro escalão.
A partir de agora Temer terá de trabalhar para reconquistar o rachado PSDB, acomodar integrantes do ‘centrão' sem desagradar tucanos e ainda ampliar a sua base para aprovar reformas.
Para PEC como a da Previdência são necessários 308 votos.
Ao todo, 263 deputados declararam votos pró-Temer. Outros 21 estiveram ausentes ou se abstiveram -- o que, na prática, representa uma posição de apoio ao governo por não ser um voto favorável à denúncia.
Esses deputados, somados aos 21 do PSDB que, apesar de terem votado contra Temer, são pró-reformas, chega-se a 305, algo próximo dos 308 necessários para as PECs.
A ampliação da base e mostrar força para aprovar reformas é algo crucial para Temer no cenário pós-denúncia.
Se não conseguir uma sinalização clara de aprovação das reformas, o presidente perderá força junto ao mercado, que ainda o apoia devido ao trabalho de Henrique Meirelles.
VOTAÇÃO
O plenário estava mais calmo do que na votação do impeachment de Dilma Rousseff no ano passado. Mesmo assim, houve pelo menos três momentos de troca de empurrões.
Ao invés de evocar Deus e a família, os deputados favoráveis ao presidente citaram a estabilidade política e a volta do crescimento econômico para justificar seus votos.
Os poucos apoiadores que falaram sobre a denúncia de corrupção disseram que o presidente será investigado quando concluir seu mandato.