O presidente da OAB, Cláudio Lamachia, entregou nesta quinta-feira o pedido da Ordem pelo impeachment de Michel Temer.
Como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não está com nenhuma vontade política com relação aos pedidos para retirar Temer da presidência, a entrega acabou se transformando num grande périplo para os advogados.
Os problemas já começaram na chegada à Câmara. Ao invés de receberem um passe livre e poderem acessar a Casa por sua entrada principal, os integrantes da OAB tiveram de ingressar por um dos anexos.
No passado, movimentos que ingressaram com pedidos similares contra Dilma tiveram acesso facilitado e foram recebidos pelo então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi afastado e está preso desde outubro.
Com isso, a primeira entrevista de Lamachia foi concedida debaixo de sol na lateral de um dos dois prédios que forma o “H" do Congresso.
E, quando se pensou que o grupo iria poder entrar, a segurança da Casa fez com que eles enfrentassem uma fila para se identificar e pegar os adesivos de acesso. Algo que demorou um bocado.
O procedimento de identificação é o adotado para quem não possui credencial de acesso. No entanto, é comum que grupo com agendas de interesse dos congressistas recebam autorização especial e não precisem passar pela identificação individual.
Enfim dentro da Câmara, os advogados foram até a chapelaria (por onde não puderam entrar, mas uma vez dentro da Casa, era possível o acesso), concederam entrevistas e posaram para fotos.
Muitos dos que ali chegaram, foram impedidos de seguir posteriormente junto ao presidente da OAB para protocolar o pedido.
Após a chapelaria, sem poder subir no Salão Verde da Câmara, área que dá acesso ao plenário, foram pelo andar debaixo até a Secretaria-Geral da Mesa, onde protocolaram o pedido.
O presidente da Câmara, que estava fora do Congresso, não fez questão de mudar sua agenda para receber a OAB.
Para organizar as entrevistas, muitos jornalistas pediram que se usasse o púlpito montado no Salão Verde em que deputados dão entrevistas coletivas. Não teve jeito, a segurança da Câmara barrou o acesso.
Com isso, retornaram à chapelaria, houve novas entrevistas, fotos, e o grupo saiu pelo mesmo anexo pelo qual ingressou na Casa.
Há deputados que apostam que Temer cai sem impeachment.
O périplo enfrentado pelos advogados deixa clara a má vontade da Câmara com o pedido da corporação.
Apesar de representar um forte gesto político, que coloca mais pressão para cima de Michel Temer, na avaliação de deputados, o pedido não deve prosperar.
Em primeiro lugar a aposta é que Rodrigo Maia ou deixará o pedido na gaveta ou não o aceitará.
Paralelamente a isto, muitos deputados dizem que Michel Temer deve cair antes mesmo de um eventual, mas pouco provável aceite do impeachment, que possui longa e complexa tramitação na Câmara e no Senado.
Para se ter uma ideia, entre o aceite do pedido contra Dilma Rousseff e seu impedimento foram quase 10 meses de tramitação.