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"Não é normal, mas respeitamos", diz Bolsonaro sobre gays

“Um pai prefere ver um filho com o braço quebrado porque estava jogando futebol, não porque estava brincando de boneca incentivado pela escola”, disse o pré-candidato a presidente em ato de filiação a novo partido.

Antes de tudo, uma pausa para cantar o hino nacional em posição de respeito e para fazer uma oração.

Foi assim que o deputado Jair Bolsonaro se preparou para discursar, no início da noite de hoje, no evento que marcou sua filiação, ainda simbólica, uma vez que janela partidária só se abre a partir de amanhã, ao PSL.

Pela sigla, que conta com oito segundos de tempo de TV, ele será candidato à Presidência da República e promete uma nova maneira de fazer política, num governo compartilhado entre militares e civis. A principal promessa dele: acabar com o toma-lá-dá-cá na relação entre o Congresso e o Palácio do Planalto.

Conhecido por arroubos retóricos, Bolsonaro não se exaltou muito nesta quarta-feira ao tentar defender seu plano de governo. A exceção aconteceu ao falar sobre seus pais, quando chorou, e sobre partidos de esquerda, quando esbravejou.

Fazendo um apanhado de sua vida pública, Bolsonaro disse que é falho em diversas áreas, como nos conhecimentos de economia, mas, mesmo sem se considerar bom, pondera que os outros candidatos são piores.

“Eu não sou bom, não. Mas os outros são muito ruins”, disse.

Segundo ele, a arte de governar é coletiva. Por isso, mais importante que ser expert em determinados setores, é preciso ter bons assessores. Devido a isso, disse que no primeiro dia de sua campanha dará a lista de militares e civis que comporão seu ministério, de 15 pastas.

Para garantir a redução na Esplanada, extinguirá algumas e fundirá outras. Fez um aceno aos ruralistas, prometendo extinguir o Ministério do Meio Ambiente e transferir as atribuições da pasta ao Ministério da Agricultura. Segundo ele, a medida garantirá maior crescimento do setor produtivo.

Em seu discurso, fez uma defesa enfática da necessidade de mudança nas leis que regulam o porte de armas. Para ele, todo o cidadão de bem que quiser, deve ter o direito de possuir pelo menos uma pistola.

“Essa bancada, que jocosamente é chamada de bancada da bala, vai crescer no ano que vem”, disse. “Será a bancada da metralhadora”, completou.

Sobre um eventual governo e relação com o Congresso, disse que a regra, hoje, é obter a governabilidade distribuindo ministérios e estatais. O que deve acabar. Disse também que não negociará com partidos de esquerda como o PT e PC do B.

“Quem reza a cartilha da esquerda não merece viver com bens da democracia e do capitalismo. A igualdade que eles pregam é a igualdade da miséria”.

Para um público cristão e conservador, Bolsonaro falou sobre a família e disse que é um absurdo se viver numa sociedade em que é possível haver casamento entre dois homens ou duas mulheres.

Segundo ele, se quiserem morar juntos, “que sejam felizes”, mas o casamento é algo que só pode acontecer, segundo a Constituição, entre um homem e uma mulher.

“Não tenho nada contra homossexuais; para nós, não é normal, mas respeitamos”, disse.

E exemplificou: “Um pai prefere chegar em casa e ver um filho com o braço quebrado porque estava jogando futebol, não porque estava brincando de boneca incentivado pela escola”, disse.

Teve, também, uma frase sobre pessoas trans.

“Eu nunca vi mulher trans no banheiro de homens, porque homen (trans) vai querer ir no banheiro de mulheres?”

O pré-candidato ainda comentou que, num eventual governo, venderia estatais que não sejam estratégicas e extinguiria cerca de dois terços das atualmente existentes.

Para encerrar sua fala, fez críticas ao presidente Michel Temer, e classificou a política do peemedebista como “porões da democracia do Jaburu”, que seria feita junto a malas de dinheiro.

O EVENTO

Antes de Bolsonaro, seus filhos, Flávio e Eduardo usaram a palavra. Quem também comandou os microfones foi o senador Magno Malta (PR-ES).

Durante os discursos, algumas palavras chave eram respondidas com aplausos efusivos da platéia, entre elas Deus, armas, prisão de Lula, família, valores morais, e extinção do comunismo.

O próprio Bolsonaro, inclusive, disse que a única maneira de a bandeira do Brasil ser vermelha, seria com seu sangue.

A filiação simbólica ocorreu num dos plenários das comissões da Câmara dos Deputados.

O local, que cabe cerca de 300 pessoas, ficou lotado. Uma sala ao lado, com um telão transmitindo o evento, teve de ser aberta para acomodar os simpatizantes.

Durante o evento, cerca de 30 pessoas resolveram se filiar ao PSL, que contava com um espaço reservado para a inscrição de novos militantes.

De acordo com integrantes do PSL, além de Bolsonaro, pelo menos outros 9 deputados devem se filiar à legenda e há negociações abertas com outros 15 parlamentares.

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