Entre 2011 a 2016, o Brasil registrou 62.804 mortes por suicídio, de acordo com boletim lançado nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde. Destes casos, 79% foram homens e 21% de mulheres que tiraram a própria vida.
Para efeito de comparação, 58 mil combatentes americanos morreram na Guerra do Vietnã (1959-1975).
É a primeira vez que o Ministério da Saúde compila os casos de suicídio registrados em um boletim epidemiológico. A iniciativa faz parte de uma campanha do governo para tentar reduzir em 10% este tipo de ocorrência até o ano de 2020.
No final deste post, estão disponíveis links para reportagens já publicadas pelo BuzzFeed Brasil sobre o funcionamento do CVV (Centro de Valorização da Vida) e sobre a importância dos cuidados com a saúde mental para a prevenir o suicídio.
O lançamento acontece nesta semana devido ao chamado “setembro amarelo”, mês de conscientização, no Brasil e no mundo, para a prevenção ao suicídio.
De acordo com os dados do ministério da Saúde, uma média de 11 mil brasileiros tiram a própria vida a cada ano.
Devido a isso, o suicídio é a terceira maior causa de morte entre homens jovens (de 15 a 29 anos), ficando atrás de crimes praticados com violência e acidentes.
Apesar de manter uma média relativamente estável, os dados mostram pequeno crescimento a partir de 2011, quando os registros de mortes por suicídio passaram a ser obrigatórios.
Em 2011, foram registrados 10.490 casos, no ano seguinte foram identificados 11.017, outros 11.186 foram computados em 2013. No ano de 2014 a conta ficou em 11.220 e, no ano retrasado, 2015, o número alcançou a casa dos 11.736.
Em relação a 2016, os dados ainda são preliminares e alcançam a casa das 7.155 ocorrências, mas isso deve subir. Como as investigações sobre mortes por suicídio duram dois anos, somente em 2018 os dados do ano passado estarão fechados.
Trocando em miúdos, uma pessoa se matou a cada 45 minutos no Brasil em 2015, último ano com dados consolidados pelo estudo.
O material ainda revela que, proporcionalmente, índios apresentam taxas de suicídio mais elevadas que o restante da população, com uma taxa maior de suicídio entre os 10 e 19 anos. A etnia mais atingida é a dos Kaiowá, em seguida estão os Karajás da Ilha do Bananal.
Outra característica identificada é o alto índice de ocorrências entre pequenos produtores de tabaco da região Sul do país.
A hipótese trabalhada pelo ministério é que a manipulação constante do tabaco, com possível intoxicação, associada a agrotóxicos que possuem manganês, possa estar afetando estes produtores.
Segundo o boletim, apesar de concentrar 14% da população, a região Sul responde por 23% dos casos de suicídio no país.
A região Sudeste, por sua vez, conta com 42% da população e 38% dos casos de pessoas que tiram a própria vida.
Com a divulgação do boletim, o ministério da Saúde pretende criar um grupo de trabalho, com representantes de outros órgãos e ministérios, como Funai e Fazenda, para definir políticas públicas que possam ajudar na meta de redução deste tipo de ocorrência.
Também foi firmada uma parceria com o Centro de Valorização da Vida para ampliar a cobertura de municípios que são atendidos pelo serviço através do telefone 188.