Homem responsável por realizar pagamentos a políticos, o ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho fez diversas amizades no Congresso.
Sua relação com deputados e senadores, para quem admite ter dado presentes e pago somas milionárias de dinheiro – conforme o BuzzFeed vem revelando nos últimos dias veja aqui, aqui, aqui ou ainda aqui – lhe rendeu amizades e honrarias.
Em 2012, por exemplo, recebeu das mãos do hoje ministro das Cidades, Bruno Araújo, a maior outorga da Câmara dos Deputados: a Medalha do Mérito Legislativo.
À época, Araújo era líder do PSDB na Câmara e o site do partido publicou a entrega de medalhas em seu site. Veja parte do texto abaixo:
“O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), homenageou o vice-presidente de Relações Políticas e Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. De acordo com o parlamentar, o executivo rompeu fronteiras e fez a construtora levar o nome no Brasil para o exterior. 'Ele ajudou a impulsionar um momento novo no Brasil levando uma grande empresa nacional a fazer importantes operações fora do país', afirmou.”
Hoje, Araújo ressalta que as denúncias não eram conhecidas em 2012 e que ele homenageou um “amigo” que prestou relevantes serviços à Odebrecht.
Naquele ano, quando a medalha foi entregue, o presidente da Câmara era o deputado Marco Maia, do PT do Rio Grande do Sul.
Um episódio narrado por Cláudio Melo Filho a investigadores em sua proposta de delação premiada, mostra o caráter suprapartidário da Odebrecht em suas relações com no Congresso.
O delator diz que conheceu Maia numa viagem a Nova York em 2011. Os dois se reencontraram algumas vezes até que, em 2014, o deputado lhe pediu ajuda para a campanha.
Segundo Melo Filho, dois pagamentos foram feitos ao deputado, somando R$ 1,35 milhão.
No sistema informatizado de pagamentos de propinas da Odebrecht Marco Maia aparece com o codinome “Gremista”.