Após vencer o primeiro turno das eleições com 46% dos votos válidos, o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira no Jornal Nacional que jamais autorizaria a criação de uma nova Constituição ou um “auto-golpe”, como sugeriu seu vice, general Hamilton Mourão.
Segundo ele, Mourão deu uma “canelada” quando falou sobre a criação de uma nova Carta por um “conselho de notáveis”, sendo posteriormente referendada pelo Congresso.
“Ele é general, eu sou o capitão. Mas eu sou o presidente. Eu o desautorizei nestes dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma constituinte até por falta de poderes para tal. E a questão de auto-golpe, eu não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento”.
Na breve entrevista, Bolsonaro também disse que, se eleito no segundo turno, seu governo será “escravo da Constituição”. E a prova de seu caráter democrático é que ele está disputando o Palácio do Planalto através do voto.
“Precisamos ter um governo com autoridade e sem autoritarismo, por isso nos submetemos ao sufrágio popular”.
Segundo colocado com 29% dos votos, o petista Fernando Haddad foi sorteado como o primeiro a falar no Jornal Nacional. O candidato do PT fez um aceno ao centro em entrevista ao Jornal Nacional. Haddad descartou a convocação de uma nova Constituinte para rever a Constituição de 1988. A medida estava prevista em seu programa de governo.
“Nós revimos nosso posicionamento: vamos fazer as reformas devidas por emenda constitucional”, afirmou o petista.
As reformas, segundo ele, são a tributária e a bancária. A outra ação por medida provisória será o descongelamento dos gastos públicos.
Haddad descredenciou o ex-ministro e líder petista José Dirceu, cujas declarações polêmicas geraram onda de crítica na reta final da campanha.
Questionado sobre declarações do ex-ministro, que afirmou que mais que ganhar eleição o “PT vai tomar o poder”, Haddad afirmou que Dirceu não tem influência sobre a campanha nem sobre o governo.
“O ex-ministro não participa da campanha e não participará do governo. E eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar.”