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Bolsonaro critica Abin e defende que Brasil recrie órgão como o SNI, o serviço de inteligência da ditadura

Pré-candidato disse que MST planeja "atos terroristas" e governo federal não toma providências. O MST diz que acusação do deputado não tem fundamento.

Pré-candidato à Presidência da República em segundo lugar nas pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu que o Brasil tenha um SNI (Serviço Nacional de Informação) — órgão fundado em 1964, durante a ditadura militar — no lugar da Abin, a criação de um polo de alta tecnologia no país, "o nosso Vale do Silício", e ironizou as notícias de que estaria tendo aulas de economia.

"Graças a Deus eu não entendo de economia como esses caras que estão aí. Botaram o país no buraco", disse Bolsonaro.

Atrás apenas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorias sobre a disputa pela Presidência em 2018, com 17% (Datafolha) a 13% (Ibope) das intenções de voto, Bolsonaro conversou com o BuzzFeed News na terça (7).

NOVO SNI

O assunto surgiu enquanto o deputado comentava sobre atos que atribui ao MST e que poderiam levar a quedas no fornecimento de energia em alguns pontos do país.

De acordo com Bolsonaro, há uma torre de transmissão no sul do Pará com faixas do MST e cerca de 200 pneus prontos para serem queimados à sua volta. Ele disse ter informações de que há outros locais no Brasil com situação parecida.

“Nós corremos risco de apagão por uma medida terrorista do MST. Eu pergunto: não cabe ao governo federal exercer uma ação preventiva a isso? Ir lá, tirar os pneus, identificar quem botou os pneus? Ou vai esperar que o Brasil pare, sofra um apagão que vai demorar dias para ser restabelecida a energia, para depois tomar providência?”

Questionado sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para impedir tal situação, Bolsonaro disse que, caso a agência esteja acompanhando o grupo, não está tomando as medidas necessárias para evitar a ação.

Devido a isso, disse que o país deveria ter um SNI.

“Você tem que ter um Serviço Nacional de Informações, que traga informações concretas e abasteça as autoridades competentes no Brasil, para que elas tomem providência. Pois a Abin, pelo que parece, não tenho certeza, em parte está politizada."

Questionado se esse SNI deveria ser nos moldes do criado em 1964, respondeu: “[Um] que traga informações. No período militar tinha informação”.

Procurada sobre as declarações do pré-candidato, a assessoria do MST disse que não há nenhum fundamento nas acusações de Bolsonaro.

"Não há nenhum fundamento nas acusações de Bolsonaro. O que o MST faz são lutas legítimas diante da demanda da reforma agrária no país. Desconhecemos qualquer embasamento concreto da declaração de Bolsonaro e preferimos não fazer mais comentários sobre o deputado", disse o movimento, por meio de nota.

ECONOMIA

Bolsonaro disse que há uma tentativa constante de desacreditá-lo quando o assunto é economia. Destacou que não há exigência legal para que um candidato à Presidência seja PhD no assunto e afirmou que tem humildade para dizer que está sempre buscando aprender sobre os temas nacionais.

Ele ainda aproveitou para ironizar notícias de que estaria tendo aulas e disse que, entre os pré-candidatos à Presidência, não há nenhum melhor que ele.

“A imprensa falou que estou tendo aulas básicas. Acho que estou aprendendo que dois mais dois são quatro, ou quatro mais sete são quinze, segundo Dilma Rousseff. Os caras sempre querem me desacreditar", disse Bolsonaro.

"Graças a Deus eu não entendo de economia como esses caras que estão aí. Botaram o país no buraco. Agora: eu procuro aprender sempre. Eu aprendo coisa da área militar, de economia, saúde, segurança, agricultura. Procuro aprender e tenho humildade para isso. Tem muita gente no Brasil, centenas, milhares melhores do que eu, eu reconheço isso, mas entre os pré-candidatos não tem nenhum."

Sobre propostas para a área econômica, disse que é preciso se aproximar do modelo norte-americano, se afastar do Mercosul e se unir à Europa, Coreia do Sul, Japão e Israel. “Diga-me com quem tu andas e te direi quem és”, afirmou.

Ele ainda criticou a relação comercial entre o Brasil e a China. Disse que a China está “jogando War” e dominando setores estratégicos. Afirmou que a exploração de recursos minerais deveria ser feita num sistema de "parceria", e não de concessão.

PAZ E AMOR

Sobre sua postura na disputa presidencial, negou que vá incorporar a figura do "Bolsonaro paz e amor".

“[Serei] um Bolsonaro realista. Logicamente algumas palavras estou medindo ultimamente, mas começar a apontar para a retaguarda meus canhões, não. Meus canhões continuarão apontados para a frente.”

VALE DO SILÍCIO

O deputado disse ter o sonho de construir um Vale do Silício no Brasil, e que o polo de alta tecnologia deveria nascer dentro do Exército, mais precisamente na ilha de Marambaia, no Rio de Janeiro.

“[No Exército] tem ordem, disciplina, hierarquia, para começar a construir nosso Vale do Silício. Lógico que os engenheiros não serão só militares, a grande maioria será de civis. Mas [é preciso] começar a investir nessa área. Um país que não tem tecnologia, que não as domina, vai ser escravo dos outros eternamente", disse Bolsonaro. "O mundo é cruel, cara, não tem amizade entre países.”

POLITIZAÇÃO DE TRIBUNAIS

Mesmo sem dizer como devem ser preenchidas as cadeiras nos tribunais superiores, Bolsonaro afirmou que é preciso acabar com as indicações políticas. De acordo com ele, o sistema permite que políticos de diferentes colorações partidárias sejam julgados de maneira distinta.

“Pelo o que tudo indica, o sentimento para todos nós é que as questões importantes dentro dos tribunais são decidas da mesma forma que dentro da Câmara dos Deputados.”

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