Depois de abrir um flanco para o ataque de adversários a 10 dias do primeiro turno, o general Hamilton Mourão, candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), vai para a geladeira da campanha. Com isso, ele não fará mais aparições e nem discursos públicos até o dia das eleições.
O estopim da nova crise, a 10 dias do primeiro turno, foi a fala do candidato na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uruguaiana (RS), quando criticou o 13º salário e o adicional de férias que é pago aos brasileiros, tachando-os de jabuticabas.
A frase exata foi a seguinte: "Algumas jabuticabas são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras. 13º salário. Se a gente arrecada 12, como a gente paga 13? É complicado. É o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. É aqui no Brasil. São coisas nossas. A legislação que está aí, aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros."
A repercussão do discurso foi tão negativa que até mesmo o cabeça de chapa, Jair Bolsonaro, usou o Twitter para repreender o vice, sem citá-lo pelo seu nome.
O tom do candidato foi duro: Bolsonaro disse que quem critica o 13º ofende quem trabalha e desconhece a Constituição.
Ainda dentro da campanha, a chamada “ala dos generais”, que reúne militares de alta patente, também fez duras críticas a Mourão. Alguns chegaram a lhe telefonar para fazer as críticas em viva voz.
Segundo relatos, Mourão ouviu as críticas com serenidade e aparentemente reconheceu que errou. Esta não é a primeira vez que o vice de Bolsonaro cria problemas na reta final da campanha.
Na semana passada ele falou que famílias criadas somente por mães ou avós (sem a figura paterna) tendem a ser desajustadas e criam pessoas que acabam por ingressar no mundo do crime.