Demóstenes Torres, o membro do Ministério Público que no Senado discursava enfaticamente contra a corrupção e que chegou a ser considerado um símbolo da ética, caiu em desgraça em 2012, quando a operação Monte Carlo revelou suas íntimas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
À época, o então senador jurou desconhecer as atividades ilícitas do famoso contraventor, mas não convenceu seus pares e acabou tendo seu mandato cassado por 56 de seus colegas.
Ele é suspeito de ter usado o mandato a favor de Cachoeira e dele receber favores e presentes, como itens importados para sua cozinha — uma geladeira e um fogão que faz sucesso em casas de atores de Hollywood.
Devido à cassação, Demóstenes deveria ficar inelegível até 2027, mas uma decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli acabou com parte do martírio do ex-senador, que recuperou sua elegibilidade e pode agora se candidatar a uma vaga ao Senado no pleito deste ano.
De acordo com o advogado Pedro Paulo de Medeiros, que fez os recursos ao STF, Toffoli deferiu em parte seus pedidos.
Por um lado, ele acabou com a inelegibilidade do ex-senador — mas também frisou que os demais ministros ainda precisam referendar sua decisão.
Apesar disso, hoje Demóstenes está elegível. Para perder seu status é preciso que os demais ministros não só julguem o caso este ano mas ainda derrubem a decisão de Toffoli.
Por outro lado, Toffoli não atendeu um pedido extra da defesa: a devolução do mandato.
Nesse quesito, Toffoli ressaltou que vai pedir informações para o Senado antes de decidir sobre isso.
"A última instância do Judiciário brasileiro resolveu a última ilegalidade que ainda pairava sobre a vida do ex-senador Demóstenes Torres. Ele agora é elegível e está pronto para o próximo mandato", disse Medeiros.