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ONG filma granjas no Brasil e diz que tratamento "brutal" de frangos é regra na indústria

"O mais grave é que esse tratamento está dentro do que é aceito pela legislação", disse Lucas Alvarenga, da Mercy for Animals. A Associação Brasileira de Proteína Animal repudiou "ato sensacionalista" e "informações inverídicas" da ONG.

Atualização (15/08/2018, às 11h30): este texto foi alterado para incluir a posição da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

A ONG internacional Mercy for Animals divulga hoje (15) fotos e vídeos feitos em granjas de frango no Brasil que, segundo o grupo de proteção dos animais, mostram o tratamento "brutal" a que as aves são submetidas pela indústria.

A Mercy for Animals não revela de que forma nem por quem as imagens foram obtidas — para preservar a segurança de seus investigadores, segundo anunciou. O BuzzFeed News teve acesso exclusivo ao material, mas não pôde checar a veracidade e a origem das cenas divulgadas nem dos relatos.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa as empresas do setor, afirmou em nota que repudia o "ato sensacionalista" e as "informações inverídicas" da organização internacional.

"Equivocadamente, a ONG lança informações inverídicas, sem qualquer respaldo técnico-científico, para sustentar uma injúria contra a avicultura nacional", afirma a nota. (Leia íntegra no fim deste post.)

De acordo com o relato da ONG, as imagens foram feitas em cinco granjas — três em São Paulo e duas em Santa Catarina — em maio de 2017. Foram divulgadas só agora para que os autores dos vídeos e das fotos não pudessem ser rastreados.

O nome das granjas não foi informado. "Não é uma prática isolada de uma ou outra granja, mas de toda a indústria", disse Lucas Alvarenga, responsável pela Mercy for Animals no Brasil. "Surpreendentemente, esse tratamento flagrado é praticado dentro do que é aceito pela legislação brasileira."

Segundo a ONG, as granjas são fornecedoras de JBS, BRF, Friaves e Ad'oro.

A Mercy for Animals diz que as imagens mostram produtores matando pintinhos "de forma brutal", ao pressionar os pescoços deles contra objetos; milhares de aves aglomeradas em galpões "sujos e superlotados"; animais que, doentes ou machucados, padecem sem receber tratamento.

"São bilhões de aves criadas para se desenvolver tão rapidamente, com coxas e peito maiores do que o natural, que mal conseguem andar", disse Lucas Alvarenga. "As que não crescem rápido o suficiente ou estão doentes são mortas da forma horrível que as imagens mostram, ou ainda pior", afirmou. "Esses frangos poderiam viver até 16 anos, em média, mas são abatidos 40 dias depois do seu nascimento."

Já a associação da avicultura brasileira negou que essa seja a prática na indústria. "As situações ilustradas em vídeo com o claro objetivo de manipular e chocar o consumidor são pontuais", diz a nota da ABPA. "Não condizem com a realidade e o padrão do sistema produtivo", continua o texto.

No mês passado, a Mercy for Animals divulgou um vídeo que mostrava, segundo a ONG, porcos sendo maltratados por uma fornecedora da JBS nos Estados Unidos.

Na ocasião, a JBS anunciou que não faria mais negócios com a fornecedora. Disse também que não tolera nenhum tipo de abuso de animais e que as imagens retratavam práticas "completamente fora dos padrões da empresa".

Este é o vídeo que a Mercy for Animals divulga hoje:

Veja este vídeo no YouTube

youtube.com

Leia a íntegra da nota da ABPA, que questiona as conclusões da Mercy for Animals:

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa a avicultura nacional – incluindo as centenas de milhares de famílias de colaboradores e produtores – manifesta seu repúdio ao ato sensacionalista cometido pela Organização Não-Governamental Mercy for Animals.

Equivocadamente, a ONG lança informações inverídicas, sem qualquer respaldo técnico-científico, para sustentar uma injúria contra a avicultura nacional.

A primeira delas é a acusação de criação de animais com excesso de peso. Dentro do sistema produtivo nacional, as aves são abatidas com peso em torno de 2,3 quilos – muito abaixo de um eventual sobrepeso.

O Brasil segue padrões de bem-estar animal estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal e por diversos órgãos reguladores, que determinam critérios específicos a questões como, por exemplo, o número de animais nos galpões. As médias das taxas de ocupação (como chamamos a quantidade de animais na metragem quadrada da granja) brasileiras têm densidade inferior, inclusive, às praticadas por vários países da União Europeia e outros grandes produtores. Dentro destes critérios estão a oferta adequada de água e alimentos, conforto térmico e preservação da saúde dos animais – que também é importante para a produtividade avícola.

Por cumprir as mais rígidas regras internacionais, o setor é certificado por organizações como Certified Humane, Global G.A.P. e PAACO.

As situações ilustradas em vídeo com o claro objetivo de manipular e chocar o consumidor são pontuais, não condizem com a realidade e o padrão do sistema produtivo.

Ao invés de um caráter construtivo, esta campanha da Mercy for Animals busca desconstruir décadas de trabalhos e investimentos de todos os elos envolvidos na avicultura nacional. Desta forma, a ONG presta um desserviço à população, gerando ideias equivocadas sobre um setor responsável por 3,5 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos e por alimentar centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.


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