O Facebook divulgou hoje (18) uma nota defendendo seu programa de verificação de fatos no Brasil após as críticas de grupos de direita — para quem as agências de checagem com quem o Facebook firmou parceria para combater fake news têm viés de esquerda e podem "censurar" conteúdo direitista na plataforma.
Os parceiros são Aos Fatos e Lupa. Pelo acordo com o Facebook, as agências terão acesso a dados da rede social para identificar conteúdo potencialmente falso que esteja viralizando. As agências checarão a veracidade das informações e, caso confirmem que se trata de fake news, os posts terão seu alcance reduzido e não poderão ser impulsionados por meio de pagamento ao Facebook.
Quando esse conteúdo for compartilhado, será acompanhado de um alerta avisando que o post teve sua veracidade questionada.
Grupos de direita como MBL e Nas Ruas reagiram à ação do Facebook acusando as agências de checagem de serem formadas apenas por jornalistas de "esquerda" e de "extrema-esquerda" — chegaram a produzir um dossiê de 300 páginas classificando ideologicamente os jornalistas com base em postagens (e até em retuítes) em seus perfis pessoais nas redes sociais.
Kim Kataguiri, do MBL, disse aos BuzzFeed News que, sem checadores "de direita ou de centro-direita", as manifestações contrárias à esquerda se tornariam o alvo preferencial do programa de verificação de fatos do Facebook.
"Já tivemos conteúdo que não possuía nenhuma informação falsa considerado fake news [pelas agências de fact checking] somente por questões ideológicas", disse.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), também reagiu: publicou artigo questionando a estratégia do Facebook para coibir fake news. "Não precisamos nem imaginar como seria feito esse controle, pois censuras já ocorrem mesmo hoje em dia", escreveu.
No Twitter, o perfil Agência Lula se apresenta como uma paródia da Agência Lupa:
Na nota divulgada hoje, o Facebook classificou de "ataques" as ações de militantes de direita contra as agências parceiras no Brasil.
"Nos últimos dias, nossos parceiros no Brasil têm sido alvo de ataques", diz a nota do Facebook. "Condenamos essas ações", continua o texto.
"Em todos os países em que temos a ferramenta de verificação funcionando, inclusive aqui, trabalhamos com parceiros certificados e auditados pela IFCN [International Fact-Checking Network]. Trata-se de uma organização apartidária, cujo selo garante que os verificadores estão comprometidos com a imparcialidade e a transparência de suas fontes de informação e metodologia de checagem."
Segundo o Facebook, "o trabalho deles [dos parceiros] é checar fatos, não ideias".