Um fiscal investigado na operação Carne Fraca foi preso nesta quarta-feira (31) após ser flagrado em grampo dizendo que destruiu documentos "até o dedo doer".
Trata-se de Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura, em Goiás. Ele é suspeito de cobrar propina em troca de benefícios para frigoríficos.
Ele foi investigado na primeira fase da Carne Fraca, em março. Foi quando uma série de tentativas de atrapalhar a investigação acabou levando à prisão do fiscal.
Primeiro, em 17 de março, policiais foram a um endereço em Goiânia. O objetivo era levar o fiscal à delegacia para prestar depoimento. No local, um rapaz disse que Francisco de Assis não morava lá. A PF voltou de mãos vazias.
No dia seguinte, o investigado foi flagrado em uma ligação telefônica com uma mulher identificada como sendo sua "namorada/amante". O diálogo era explícito:
FRANCISCO: Oi, amor. Eu acabei de rasgar as coisa aqui. Rasguei tudo bem picotadinho. Nossa, eu tô com os dedo até doendo!
MULHER: Ah...mas arrumou tudo né?
FRANCISCO: Arrumei!
Passados dois dias, Francisco de Assis foi espontaneamente à Polícia Federal para prestar depoimento. Ele exerceu seu direito de ficar em silêncio.
Mesmo assim, o fiscal cometeu um deslize. Ao se identificar, ele forneceu o endereço de sua casa. Era o mesmo em que, dias antes, a PF tinha sido barrada, ao ser informada que ele não morava lá.
Esses motivos foram suficientes para pedir a prisão do fiscal.
Com essa manobra, FRANCISCO impediu o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência, turbando o curso regular da deflagração da Operação e o andamento das investigações. [...] O seu desprezo pelas instituições é evidente, tanto quanto o desrespeito pela lealdade processual", escreveu o juiz Marcos Josegrei da Silva.
O BuzzFeed Brasil deixou recado no escritório da defesa de Francisco Assis, mas não obteve retorno.