Ex-gerente da Petrobras recebeu propina de R$ 5 milhões para destravar um contrato de R$ 1,8 bi

    Delação da Odebrecht faz primeiro estrago e leva à prisão Roberto Gonçalves, sucessor de Pedro Barusco na gerência da diretoria de Serviços da estatal.

    Alvo de suspeitas pelo menos desde 2015, o ex-gerente da Petrobras Roberto Gonçalves foi preso preventivamente (sem prazo) nesta terça-feira (28) após um delator da Odebrecht detalhar à Lava Jato como ajudou o dirigente da estatal a esconder dinheiro fora do país.

    Trata-se da 39ª fase da Lava Jato, batizada de Paralelo.

    O depoimento, prestado em 8 de março deste ano, é de Rogério Araújo, um dos executivos da Odebrecht que atuava em negócios com a Petrobras e, agora, fez delação premiada.

    Segundo ele, foram R$ 5 milhões de propina para Roberto Gonçalves destravar um contrato de R$ 1,8 bilhão na obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), em Itaboraí (RJ).

    As autoridades suíças enviaram ao Brasil os dados da conta secreta, o que corrobora com prova documental o depoimento do delator.

    O que chama atenção no depoimento é que Roberto Gonçalves sabia que não podia abrir conta na Suíça. Ele era um “PEP”, jargão do Banco Central para Pessoa Exposta Politicamente. A Odebrecht ofereceu então um pacote completo: a propina e uma conta secreta para receber os valores.

    Foi assim que o delator explicou o caso à Lava Jato em Curitiba:

    "O Roberto, ele me procurou e disse que tava com muita dificuldade pra fazer alguns negócios, ele não mencionou o que era, ele falou “eu sou PEP, tenho alguns negócios em andamento, você podia me ajudar e tudo”. Aí eu... ele queria que eu pusesse dinheiro na minha conta, assim, numa conta que eu já tivesse né. Daí eu falei assim “ó, não”. Aí eu fui, como eu não era PEP nem nada, eu abri uma conta em meu nome, quer dizer, eu fiz um, cometi um desatino né, hoje em dia, eu vejo que é uma coisa completamente fora dos padrões. Abri uma conta em meu nome e dei pra ele”.

    Ao determinar a prisão de Roberto Gonçalves, o juiz Sergio Moro disse que ele, em liberdade, representaria um risco às investigações. Isso porque parte do dinheiro fora do país ainda não foi completamente rastreado, incluindo valores na China.

    "As mesmas razões são aqui pertinentes, pois Roberto Gonçalves tem, em cognição sumária, outras contas secretas no exterior, como a conta em nome da Spoke Investments nas Bahamas, além de ter utilizado conta em nome de terceiro mantida na China para transferir ativos criminosos que eram mantidos na contas da Suíça, com isso praticando novos atos de lavagem, além dos iniciais, caracterizando não só reiteração delitiva, mas atos de frustração do sequestro e confisco criminal, o que coloca em risco a integral recuperação do produto do crime e, por conseguinte a aplicação da lei penal", disse Moro.

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