O Palácio do Planalto encomendou uma pesquisa para saber o que as pessoas acham da capacidade do governo Temer se comunicar com a população e como seria a reação caso o programa "Minha Casa Minha Vida" (MCMV ) mudasse de nome.
Principal programa na área de habitação do governo federal, o "Minha Casa Minha Vida" é também fortemente associado ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff, criadora do projeto.
A pesquisa qualitativa foi feita pelo Instituto Análise e finalizada em 25 de maio deste ano. O contratante foi a Secretaria de Comunicação da Presidência.
Foi uma pesquisa qualitativa. Nessa modalidade, o instituto cria grupos focais para apurar as opiniões do público sobre assuntos específicos. É diferente da tradicional pesquisa quantitativa, que estabelece uma amostragem da população e faz um levantamento estatístico.
O resultado da pesquisa foi um banho de água fria para as pretensões do governo em mudar o nome do MCMV: as pessoas gostam do nome, iam ignorar uma eventual mudança e a sensação que passaria é que seria uma mudança só porque é MCMV é do governo anterior.
Assim resumiu o Instituto Análise:
"Para os participantes foi estranho pensar na ideia de mudar o nome do Programa. Acreditam que o nome Minha Casa Minha Vida é adequado, todos conhecem e não deve ser mudado, a menos que as regras do Programa mudem muito. Do contrário, não há razão para a mudança do nome".
A pesquisa apurou ainda que o foco do governo deveria ser melhorar o programa, e não o nome. Um dos entrevistados chegou a comparar a ideia a uma tentativa de mudar a Coca Cola.
“Deixa o mesmo nome. É como trocar o nome da Coca Cola. Ninguém iria acreditar que é a mesma coisa.” (18 a 35, classe C)"
O Instituto Análise mostrou ainda que os grupos focais entenderam como uma mudança política _ uma rixa com Dilma.
CLASSE C
Boa parte das avaliações mais duras ao governo Temer veio dos entrevistados da classe C. Além do "Minha Casa Minha Vida", a pesquisa apurou como os grupos focais compreendem a comunicação do governo Temer.
Na classe C, o grupo focal apontou que Temer é considerado "arrogante". Entre os mais ricos e mais velhos, a avaliação também foi ruim. A pesquisa mostrou ainda vídeos de discursos de Temer.
"Para a classe C, ele passa a sensação de ser arrogante e de gostar de falar com a classe econômica alta, como também, sua linguagem não é de fácil entendimento. Para os mais velhos, classes AB, o presidente não deseja falar para a população. Mencionam que ele quer ficar escondido, em seu canto", diz o relatório do Instituto Análise.
O perfil dos pesquisados foi o seguinte: moradores de São Paulo, de ambos os sexos, de 18 a 55 anos, classes A, B e C. Foram quatro grupos focais, com pelo menos oito pessoas em cada.