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Operador do PMDB diz que tem gravações de oito anos de reuniões e defesa de Cunha tenta adiar depoimento

Lúcio Funaro entregou uma aparelho DVR com diversas gravações, o que surpreendeu a defesa de Eduardo Cunha.

Operador de propinas do PMDB e delator, Lúcio Funaro disse nesta sexta-feira que entregou à Polícia Federal (27) que tem gravações feitas ao longo de oito anos
em seu escritório.

A afirmação causou surpresa na defesa do ex-deputado Eduardo Cunha, um dos principais acusados na delação de Funaro.

Delator e delatado prestam depoimento na 10a Vara da Justiça Federal, em Brasília, que julga denúncia de desvios em investimentos da Caixa Econômica. Cunha ainda não falou.

“Foram apreendidos cadernos com a contabilidade do meu escritório de 2003 a 2015. Os fatos são incontestáveis. Eu estando preso desde 2016, eu não tive como alterar dado nenhum e a PF tem como apurar 100% que aquilo é verdade. Eu entreguei um aparelho de DVR referentes a mais de oito anos de gravações feitas no meu escritório”, disse Funaro.

O advogado Délio Lins e Silva Júnior, defensor de Cunha, tentou adiar o depoimento após Funaro, logo na declaração inicial falar de vídeos entregues à
PF. O Ministério Público se comprometeu a entregar novos documentos ou vídeos que tenham pertinência para a ação penal.

Já um dos advogados de Funaro tentou minimizar o impacto dos vídeos, dizendo
que foi informado pela PF que são poucos dias de gravação, e que as imagens estão sem som.

O juiz Vallisney de Oliveira negou o pedido de adiamento.

O depoimento de Funaro é o momento mais tenso dos dias de audiências. “Acordava todo dia 5h50 para ver se tinha viatura da Polícia Federal para me prender”.

Funaro acusou Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, e Eduardo Cunha, de operarem um esquema dentro da Caixa. Cleto foi indicado por Funaro e Cunha.

“Nenhum partido indica alguém que não seja para ter proveito financeiro ou político”, disse Funaro.

Ele explicou como Cunha e Cleto se aproximaram. “Eu tive um arraca-rabo com o Fábio Cleto e quem passou a controlar as planilhas foi o deputado Eduardo Cunha. Cleto tinha um gasto mensal de 40 mil dólares que era absolutamente incompatível com o cargo que tinha (na Caixa). E no mercado privado ele tinha uma mancha negra, fez insider trading. Ele saiu do Itaú com fama de ladrão”.

Funaro ainda falou em mágoa. "Eu não tenho mágoa do deputado Eduardo Cunha. A única mágoa que tenho na vida foi de indicar Fábio Cleto. Foi um lapso".

Delatado, Eduardo Cunha carrega uma mala cheia de documentos e faz anotações para seus advogados. Na sala audiência, a mulher de Funaro e a filha pequena
acompanham os depoimentos.

Nos dois dias, Eduardo Cunha dirigiu-se aos jornalistas brevemente. “Não posso falar. Estou custodiado e seria um desrespeito. Mas vou pedir autorização
ao juiz”, disse.

Mas nem tudo foi frieza.

Funaro e Eduardo Cunha riram, juntos. Foi quando, bem-humorado, o juiz Vallisney de Oliveira pediu para o que a defesa de Henrique Eduardo Alves, que estava em Natal, trocasse a posição do microfone.

O volume da voz do advogado Marcelo Leal piorou e ele acabou perdendo o fio da
meada. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e ninguém entendeu.

Leal explicou que estava tentando achar onde tinha parado na série de perguntas. Foi quando Alexandre Margoto, que estava depondo, fez uma sugestão simples.

“Faz as perguntas de novo”, disse o delator. Todos acharam graça, incluindo Cunha e Funaro.

Prestativo, Margoto parece não ter percebido que a audiência estava atrasada – a dele tinha que ter ocorrido na véspera – e Vallisney tinha pressa.

Margoto, aliás, é um ótimo frasista. Delator, por diversas vezes ele fez questão de
frisar que estava em posição inferior dentro do esquema.

O delator Margoto disse que era subordinado a Lúcio Funaro. "Ele dizia que eu não tinha roupa para entrar nessa festa". Funaro riu.


Nas perguntas da defesa de Cunha, Margoto não deu detalhes de uma conversa: "Não lembro nem o que conversei com minha namorada ontem"

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