Isso é o que sabemos e NÃO sabemos na reviravolta da delação da JBS

    Ministros do Supremo são citados em contexto a ser esclarecido, enquanto a PGR já tem indícios de que Joesley omitiu que tinha o apoio do procurador Marcello Miller dentro da Lava Jato.

    Nesta segunda-feira (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva, algo raro nos anos em que chefiou a instituição.

    Não era por acaso: a PGR abriu uma investigação que pode resultar na anulação dos benefícios da delação do megaempresário Joesley Batista, da JBS — aquele que gravou o presidente e mandou entregar uma mala de dinheiro para um ex-assessor de Michel Temer.

    O assunto ainda está sob sigilo.

    O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS ATÉ AQUI:

    — Quem são os ministros do Supremo citados?

    O contexto ainda é incerto, mas ministros foram citados por Joesley Batista e que não tinham sido mencionados pelo empresário na delação. Essa citação foi durante uma conversa entre Joesley Batista e Ricardo Saud, ambos delatores da JBS. O conteúdo dessa conversa é inédito e foi entregue pela própria empresa à PGR.

    Isso não significa, necessariamente, que a citação seja de que esses ministros cometeram algum tipo de crime. O que sabemos é que o Janot disse na coletiva:

    "Dois colaboradores fazem referências indevidas à PGR e STF"

    — Quem está envolvido na PGR?

    Trata-se do ex-procurador Marcelo Miller, que depois se tornou advogado de um escritório que atende a JBS _ ele já deixou a firma. Na conversa entre Joesley e Ricardo Saud, há indícios de que o procurador, ainda no cargo, ajudava a empresa.

    Isso é relevante porque a JBS, em momento algum, falou da relação da empresa com o procurador nos anexos da delação. Para a PGR, isso é indício de que a delação contém omissões.

    — O que há nas 4 horas de conversa?

    As suspeitas foram descobertas no domingo de manhã, por uma procuradora da Lava Jato aqui em Brasília. Desde sexta-feira, o grupo ouvia os novos áudios entregues pela JBS, dentro do acordo de delação. Um dos áudios, em tese, era para corroborar as acusações contra o senador Ciro Nogueira, do PP do Piauí.

    Foi nessa conversa que surgiram revelações que nada tinham a ver com o senador.

    — A JBS sabia da existência do áudio?

    O áudio foi entregue pela própria empresa na semana passada. Há três indicativos de que, aparentemente, nem os delatores sabiam do conteúdo dessa conversa. 1) O áudio foi anexado como se fosse sobre Ciro Nogueira, embora ele não seja o foco da conversa; 2) No início da conversa, Joesley e Ricardo Saud dão a entender que não sabem se o gravador estava ligado ou não; 3) A conversa é longa e, pelo jeito, não foi ouvida em sua íntegra antes de ser entregue.

    — A delação será anulada?

    Janot, na coletiva, em determinado momento, citou como "provável". Mas, de acordo com a PGR, o efeito seria apenas anular os benefícios concedidos aos delatores.

    O conteúdo das acusações, incluindo a gravação com Temer e as entregas de dinheiro, permanecem válidas e à disposição da PGR, de acordo com Janot.

    — E o que diz a JBS?

    A empresa já trabalha para minimizar o impacto das acusações. Em nota, a JBS diz que tudo será esclarecido. "É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos — mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa fé dos colaboradores".

    Veja também:

    Janot ameaça cancelar delação da JBS após receber áudio com supostos ilícitos no MPF e no Supremo

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