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Ministro de Temer gastou R$ 318.000 com aluguel de carros de ex-funcionário de sua campanha

"Nada me obriga a locar veículos de propriedade de adversários políticos", diz o ministro Carlos Marun.

Atual ministro da secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS) usou R$ 318 mil de sua verba como deputado para alugar carros de um cabo eleitoral, apesar da locadora ficar numa cidade a 160km de Campo Grande (MS) e seu gabinete não ter despesas com combustível ou escritório naquele local.

Os pagamentos aconteceram entre 2015 e 2017, sempre na faixa de R$ 10 mil mensais, independente do número de veículos alugados.

A locadora "Neto Car Guinchos" fica na cidade de Maracaju.

Apesar das notas fiscais não explicarem a atuação de Marun na cidade, há uma relação política por trás do negócio. O dono da locadora é um aliado de Marun. Trata-se de Cecílio Neto. Ele é filiado ao MDB, mesmo partido do deputado.

Além disso, ele é desde 2013 funcionário comissionado da prefeitura de Maracaju, com salário de R$ 3.500. O prefeito da cidade, Maurílio Azambuja, é do mesmo partido. Cecílio Neto também trabalhou na própria campanha do deputado Carlos Marun em 2014, e recebeu R$ 10 mil.

Essa nota fiscal mostra, por exemplo, que o endereço de Marun é em Campo Grande, e não em Maracaju. Seria como um deputado de Brasília alugar carros em Goiânia, ou um de São Paulo usar uma locadora de Piracicaba.

As notas fiscais apresentadas pelo próprio Marun mostram ainda que, apesar dos carros terem sido alugados em Maracaju, a cidade não faz parte do cotidiano do deputado.

As verbas de manutenção de gabinete foram gastas em Brasília e Campo Grande. Nem o combustível foi gasto naquela cidade, de acordo com as notas da Câmara.

No total, Marun gastou R$ 177 mil com combustível - 84% foi no mesmo posto, em Campo Grande. As notas, aliás, seguem um padrão ao longo dos meses: uma compra alta, de uma vez só, em Campo Grande e outras menores em Brasília.

Procurado, o ministro disse que alugava os carros para atividade parlamentar e que os valores estavam dentro do limite estabelecido pela Câmara (R$ 12 mil). Sobre sua relação com o aliado do PMDB, ele deu a seguinte resposta:

"Sempre fomos bem atendidos pela locadora, e nada me obriga a locar veículos de propriedade de adversários políticos".

Marun diz que um carro era para uso dele em Brasília, outro para Campo Grande. Um terceiro carro ficava à disposição de seu escritório no Estado.

Havia, ainda, um quarto carro destinado a seus assessores percorrerem o interior do Estado. Essa foi a justificava dele: "Sou bem votado em todo o Estado do MS".

Procurado, Cecílio Neto diz que o contrato de aluguel previa que os carros fossem entregues direto em Campo Grande.

"Ele cotava comigo, acertava o preço e eu entregava no escritório de Campo Grande. Era uma quantidade boa", diz o ex-funcionário da campanha.

"Eu emitia as notas conforme orientação da Câmara. Nos contratos todos os meses seguiam com as notas fiscais, seguro, os documentos dos veículos em nome da empresa e a avaliação da tabela Fipe. É o procedimento da Câmara".

Disse, também, que trabalhou na prestação de contas do deputado e, quando ele foi eleito, informou ao deputado que tinha uma locadora que poderia fornecer carros.

"Eu estou torcendo para ele voltar a ser deputado. Para ele voltar a alugar comigo. Ele deixou de ser deputado e eu deixei de fornecer os veículos", disse o dono da locadora.


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