O megaempresário e delator Joesley Batista, dono das marcas JBS e Friboi, disse em depoimento sobre os seus negócios com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que atendeu a pedidos de dinheiro de Antonio Palocci e Guido Mantega, ambos ex-ministros da Fazenda durante os governos Lula e Dilma.
O depoimento foi prestado nesta quarta-feira (21) e obtido com exclusividade pelo BuzzFeed Brasil. O delator defende seus negócios com o BNDES e inocenta a área técnica do banco.
O delator foi à Polícia Federal para falar no inquérito da operação Bullish, que apura fraudes no banco em favor da JBS em negócios multibilionários. Ele negou ter pago propina a funcionários do banco em troca de empréstimos para fusões com empresas.
O empresário, contudo, não soube dizer se ele, no lugar do banco, teria fechado esses negócios. Ele disse que já fez “ótimos e péssimos negócios”.
Caixa dois dos ministros petistas
Joesley reafirmou em seu depoimento que abasteceu o caixa dois de campanhas do PT em 2010 e 2014. Ele cita nominalmente pedidos dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, respectivamente, nas duas eleições de Dilma Rousseff.
Sobre Palocci, Joesley Batista cai em contradição. Primeiro, disse que contratou sua consultoria para ter aulas de política. Mas disse que não sabia que Palocci era deputado.
Em relação a Mantega, Joesley conta que pagava R$ 50 mil mensais a pessoa indicada por ele. O ano era 2005 e Mantega chefiava o BNDES.
O delator afirma que fez um empréstimo de US$ 5 milhões para o filho de Mantega, mas que o dinheiro nunca foi pago.
Joesley conta, ainda, que transferiu US$ 20 milhões para uma conta indicada por Mantega — o empresário disse que não sabia de quem era. Acrescenta apenas que, um ano depois, o dinheiro retornou.