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E o empresário de Neymar declarou salário de R$ 4.000 no Imposto de Renda

O juiz Márcio Guardia disse que é “risível” a declaração de Imposto de Renda do empresário Wagner Ribeiro em 2005, que acumula R$ 19 milhões em dívidas com o fisco. Ele nega crimes e disse que está regularizando sua situação fiscal.

Wagner Pedroso Ribeiro é umas das pessoas mais influentes do futebol brasileiro. Longe dos gramados e das táticas, ele atua na indústria multimilionária que exporta jogadores para grandes clubes da Europa e Ásia. Ribeiro é empresário de centenas de jogadores, incluindo Neymar, protagonista da maior negociação da história do futebol mundial, ao deixar o Barcelona para jogar no Paris Saint-Germain.

No Brasil, contudo, Wagner Ribeiro é conhecido nos tribunais e na Receita Federal por acusações de sonegação de imposto, simulação de empréstimos e crimes contra a ordem tributária.

Atualmente, ele é condenado em São Paulo, réu em outras três ações e alvo de pelo menos 19 autuações da Receita Federal. Só na Dívida Ativa da União, Wagner Ribeiro acumula cobranças de R$ 19 milhões.

Essa é a ficha do empresário na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Outros R$ 6,8 milhões em dívidas estão em nome de sua empresa.

Dívida Ativa da União é a lista de devedores divulgada pelo governo federal e não inclui débitos que estejam suspensos ou questionados na Justiça com a garantia de algum bem para pagar o valor.

Na Justiça, o episódio mais recente é de 1º de junho. Era um recurso chamado “embargo de declaração”, na 8ª vara em São Paulo. O objetivo deste tipo de medida é pedir para que o magistrado esclareça pontos de decisão já tomada no processo, mas acabou se tornando um esporro do juiz Márcio Guardia.

O motivo foi a declaração de imposto de Renda de Wagner Ribeiro, em 2005. Já com carreira próspera, ele declarou que recebeu naquele ano R$ 4.400 por mês. Só em valores que caíram na conta bancária dele e não foram declarados, Wagner Ribeiro recebeu R$ 635 mil em 2005.

Essa foi a reação do juiz ao receber o recurso de Wagner Ribeiro:

"A título de exemplo, observo que no ano-calendário de 2005 o embargante declarou como renda tributável a risível quantia de R$52.800,00, de modo que não é crível que alguém que exerça essa atividade profissional aufira renda mensal de aproximadamente R$4.400,00, sendo que a declaração de rendimentos pífios quando comparados aos valores que ingressaram efetivamente em suas contas evidencia de modo incontestável o dolo e tudo isso já está na sentença", escreveu o juiz.

Não é a primeira vez que o empresário multimilionário é alvo de duras críticas da Justiça brasileira. Nesse mesmo processo, em maio, o juiz havia condenado Wagner Ribeiro a cinco anos e quatro meses de prisão _ como é abaixo de oito anos, o regime não é fechado e o empresário aguarda em liberdade.

A condenação, como foi divulgado na época pela Justiça Federal, foi por crimes contra a ordem tributária, por não ter declarado no Imposto de Rendas valores recebidos entre 2002 e 2005, hoje na casa dos R$ 5 milhões.

“A notória atividade profissional do réu Wagner Ribeiro, ‘empresário’ que intermedeia transações milionárias entre jogadores e clubes de futebol profissional com valores nababescos, dentre os quais Neymar Jr., evidencia sobremaneira que a comissão auferida em uma única transação comercial desse jaez já bastaria para demonstrar peremptoriamente que os valores declarados à administração tributária são manifestamente inferiores aos rendimentos auferidos", escreveu o juiz.

Embora Neymar seja citado pelo juiz, o jogador não é parte nos processos.

Bloqueio

Além dos processos penais, há ainda execuções fiscais, também na Justiça Federal de São Paulo. Esses processos são abertos quando a Procuradoria da Fazenda aciona a Justiça para poder recolher os tributos devidos.

Em um desses processos, que analisa dívidas de R$ 2,4 milhões, a Justiça determinou no fim do mês passado o "rastreamento e bloqueio de valores constantes de instituições financeiras em nome do executado WAGNER PEDROSO RIBEIRO, por meio do sistema BACENJUD".

Esse é um sistema que o Banco Central, com a autorização da Justiça entra na conta bancária e bloqueia os valores de forma a garantir o pagamento _ caso haja dinheiro disponível.

Procurado, o advogado de Wagner Ribeiro, Ricardo Dantas, diz que o empresário vem regularizando sua situação nos últimos dois anos. Segundo o advogado, a defesa entende que parte dos valores cobrados pela Receita está prescrita, enquanto outros valores estão em discussão na Justiça.

O advogado disse ainda que Wagner Ribeiro pagará a dívida que entende justa, por meio do Refis_ programa do governo federal que oferece desconto para quitar dívidas e que os devedores podem ingressar até o fim do mês.

O advogado afirma que, em três ações penais, o Ministério Público mudou de posição e pediu a absolvição do empresário. Ele recorre da condenação do juiz Márcio Assad Guardia. "Ele não é o primeiro nem o último devedor da história e, na verdade, está longe de ser um grande devedor da Receita. Estamos tranquilos porque tínhamos um passivo criminal de cinco casos e agora só temos um que acreditados que será revertido", disse o advogado. A defesa disse ainda que desconhece bloqueio de altos valores na conta de Wagner Ribeiro.

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