• newsbr badge

E o TSE que decidiu não julgar R$ 150 milhões de caixa dois da Odebrecht

"Ou seja, se eu entendi bem, aqui estamos no processo mais importante da história do TSE, para examinar caixa um e não caixa dois, invertendo a ordem absoluta de toda a nossa história", resumiu o relator Herman Benjamin.

A maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral encontrou uma saída pela tangente para deixar de fora do julgamento da chapa Dilma-Temer as graves acusações.

Os ministros deram a chamada "decisão processual", que é quando não entram no mérito das acusações e usam uma regra do processo para descartá-las.

Foi exatamente assim que os ministros entenderam que, como a delação da Odebrecht não estava na petição inicial, não poderia estar também no julgamento.

Explica-se: a ação foi feita pelo PSDB, muito antes de delação. Era apenas uma maneira de "encher o saco do PT", como já disse Aécio Neves.

Para o ministro Herman Benjamin, relator do processo, a delação é apenas um desdobramento do caso, iniciado a partir de denúncias de abuso do PT em contratos de empreiteiras com a Petrobras.

Herman foi derrotado. E foi assim que o TSE decidiu excluir a acusação de R$ 150 milhões de caixa dois. Esse dinheiro inclui despesas de campanha lavadas no caixa um de 2014, compra de apoio político para partidos como PP e até uma conta no exterior para o marqueteiro João Santana.

"Em 2014, a conta-corrente da Odebrecht tinha R$ 150 milhões; 50 deles foram da, em tese, venda de uma medida provisória. Com base nisso, se dizer que a Odebrecht foi tratada neste processo em uma fase própria – ela até merecia – é errado. Ela está desde o início", explicou o relator.

Herman então quis saber o que a Odebrecht tinha com o caso e descobriu um caixa 2 de 150 mi para a campanha.


Esse diálogo entre o relator e o ministro Admar Gonzaga, nomeado por Temer às vésperas do julgamento, resume como prevaleceu a tese de ignorar o caixa dois da Odebrecht.

Admar Gonzaga: "Meu voto se limitará ao recebimento de doações oficiais de empresas contratadas pela Petrobras. A parte chamada Odebrecht, se refere a revelações de caixa dois."

Herman: "Ou seja, se eu entendi bem, aqui estamos no processo mais importante da historia do TSE, para examinar caixa um e não caixa dois, invertendo a ordem absoluta de toda a nossa historia. Aqui nos sempre examinamos caixa dois…"

Admar: "Ministro, em momento nenhum é citado caixa dois (no pedido inicial de investigação feito pelo PSDB)."

Herman, depois, finalizou, dirigindo-se a Admar:

"Então boa sorte no momento em que vossa excelência for examinar apenas caixa um".

Veja também:

Calmo e cerebral, Herman Benjamin virou o antagonista de Gilmar Mendes no TSE

De principal articulador da ação para tirar Dilma, agora Gilmar Mendes pede para "moderar a sanha cassadora"

Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.