Assessor informal do presidente Michel Temer, o ex-deputado Sandro Mabel é acusado por um delator da Odebrecht de integrar um acordo partidário de R$ 10 milhões para garantir um nome de interesse da empreiteira em Furnas em troca de propina.
Trata-se da delação de Henrique Valladares, ex-executivo da Odebrecht que contou aos procuradores sobre os acertos no projeto multibilionário da usina de Santo Antônio, em Rondônia. Como o BuzzFeed revelou, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Valdir Raupp (PMDB-RO) são citados na mesma obra – eles negam as acusações.
Segundo Valladares, Sandro Mabel e o ex-deputado Valdemar Costa Neto acertaram com a Odebrecht a manutenção de um nome na diretoria em Furnas, em 2008, em razão da obra na usina.
Costa Neto, naquele momento, já era réu no mensalão (foi condenado em 2012), mas seguia como uma espécie de "dono" do PR, o Partido da República. Mabel, por sua vez, já foi líder do partido.
Atualmente, ele é filiado ao PMDB e é assessor informal do Palácio do Planalto. Ele não ocupa uma vaga comissionada, mas já chegou a ter sala no Planalto.
A delação afirma que Mabel e Costa Neto cobraram para manter Mário Rogar na diretoria de Engenharia de Furnas.
Rogar levava o apelido de "Tricolor" nas planilhas da Odebrecht e, segundo o delator, era o responsável por distribuir o dinheiro aos deputados. Ele deixou o cargo em 2011, por ordem da então presidente Dilma Rousseff.
Valladares afirma que o acerto de R$ 10 milhões foi uma espécie de orçamento liberado pela Odebrecht, que ia sendo gasto conforme a necessidade de resolver impasses em Furnas com os deputados.