Facebook passa a punir sites com anúncios inúteis, de sexo e com pouco conteúdo

    A rede social agora está verificando links para saber se eles contêm "publicidade disruptiva, chocante ou maliciosa" e pouco conteúdo real.

    A cruzada do Facebook para limpar seu Feed de Notícias de informações falsas e conteúdo enganoso agora tem um novo alvo: sites lotados com "anúncios disruptivos, chocantes ou maliciosos" e que oferecem pouco ou nenhum conteúdo.

    A partir de hoje, a rede social vai usar a inteligência artificial para determinar se os links que estão sendo compartilhados na rede social direcionam as pessoas a sites de baixa qualidade, seja devido à natureza dos anúncios ou do conteúdo oferecido. Links que atenderem a esse critério terão menor prioridade no Feed de Notícias e não poderão se tornar anúncios no Facebook.

    Os tipos de anúncio visados pelo Facebook são aqueles que frequentemente aparecem como recomendação de conteúdo. Essas caixas aparecem junto aos artigos e oferecem uma manchete e uma imagem chamativa para que os usuários fiquem tentados a clicar. Os piores anúncios dessa categoria usam imagens sensuais ou chocantes, e até mesmo fotos de celebridades, com títulos enganosos para chamar atenção.

    Aqui, por exemplo, temos um conjunto de anúncios servidos pela Content.ad em um site de notícias falso:

    Uma reportagem recente do BuzzFeed News descobriu que anúncios com recomendação de conteúdo são a principal forma que os sites de notícias falsos usam para ganhar dinheiro com seus artigos. Um estudo da ChangeAdversising.org também revelou que esses tipos de anúncios, não necessariamente suas piores versões, estão presentes em mais de 80% dos 50 maiores sites de notícias dos EUA.

    "Nós olhamos o conteúdo do próprio anúncio — se ele mostra aquele dedo do pé com micose, se ele faz apelos sexuais", disse Greg Marra, gerente de produto do Facebook que trabalha no controle de integridade do Feed de Notícias, ao BuzzFeed News. "Nós também olhamos a quantidade de anúncios com relação ao conteúdo da página. Essa página não abriga nenhum conteúdo substancial e está cheia desses anúncios?"

    O BuzzFeed News já traçou o perfil exato do tipo de site que o Facebook está visando. O TrueTrumpers.com, por exemplo, é um site pró-Donald Trump hospedado em um servidor na Europa Oriental que frequentemente publica manchetes completamente falsas para chamar atenção no Facebook. Quando a pessoa clica no link, ela é levada a uma página cheia de anúncios de recomendação de conteúdo, que quase nunca oferece um artigo ou texto além daquela chamada falsa ou enganosa. O site também mostra um anúncio pop-up quando o visitante clica em qualquer lugar da página.

    A página do site que abriga um boato sobre a falsa morta da atriz Uma Thurman em um acidente de avião continha, no mínimo, quatro blocos de anúncio da Content.ad, sendo que três eram mostrados ao usuário antes de ele poder ler o artigo (falso):

    Marra disse que veio a conhecer o caso do True Trumpers por meio da reportagem do BuzzFeed News, mas se absteve de comentar especificamente sobre esse site. No entanto, a página do Facebook usada para promover o conteúdo do True Trumpers foi fechada recentemente pela empresa. Um porta-voz do Facebook disse que isso foi resultado de "violações de conta falsa e spam".

    Marra disse que a intenção do Facebook não é acabar com os anúncios de recomendação de conteúdo como um todo — apenas com aqueles de pior qualidade. "Nós não estamos visando toda e qualquer página que use uma rede de anúncios. Estamos apenas focando os piores do seguimento."

    Ele descreveu essas páginas que agem de má fé como "um grupo de pessoas que não estão tentando criar sites de notícias para estabelecer um relacionamento de longo prazo com o leitor. Eles estão apenas atrás do seu clique e do dinheiro que podem ganhar com esse clique".

    Marc Goldberg, CEO da Trust Metrics, companhia que avalia a qualidade de publicações online e aplicativos, disse ao BuzzFeed News que a decisão do Facebook de baixar a classificação de links para sites com anúncios de baixa qualidade pode ajudar a reduzir a arrecadação de sites falsos e de editores fraudulentos.

    "Publicações falsas, notícias falsas — esse é um imenso buraco que continua a drenar dinheiro com publicidade", disse. "Cortar isso de algumas partes do ecossistema vai ser de grande ajuda."

    Ele também disse que o esforço do Facebook pode ser positivo para empresas de anúncios de recomendação de conteúdo sérias, ao mesmo tempo em que pune os maus concorrentes que enganam o usuário.

    "Motores de recomendação com políticas mais estritas serão recompensados porque agora eles não precisam enfrentar uma concorrência que não se importa com o usuário final ou com os anunciantes", disse Goldberg. "Em última instância, isso potencialmente irá aumentar a confiança do usuário. Passaremos a ver muito menos desses anúncios criados para gerar 'cliques curiosos'. Isso pode ajudar a restaurar a confiança entre anunciante e usuário."

    Marra disse que a equipe de produto usou dados coletados de "centenas de milhares de links de sites com anúncios disruptivos, chocantes, ou sexuais e com muito pouco conteúdo" para estabelecer critérios que serão usados para verificar os links compartilhados na plataforma.

    "Esperamos que as pessoas passem a ver menos desse tipo de lixo que pode acabar entupindo o feed", disse.

    Este post foi traduzido do inglês.

    Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

    Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.