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Como identificar um "deepfake" como este vídeo do Barack Obama

Fizemos um vídeo em que substituímos as palavras do ex-presidente Barack Obama pelas do diretor e ator Jordan Peele para mostrar como hoje é fácil criar áudios e vídeos falsos. Aqui, mostramos como você pode evitar ser enganado.

Acima, você pode ver o futuro das fake news e propagandas falsas.

Não fique constrangido(a) se tiver sido enganado(a), mesmo que por poucos segundos. A tecnologia voltada a enganar nossos olhos e ouvidos está avançando rapidamente.

Empresas na Alemanha, por exemplo, estão desenvolvendo o Face2Face, um tipo de tecnologia de troca de rosto e voz usado para criar o vídeo acima.

A gigante de software Adobe, por sua vez, está desenvolvendo um “Photoshop para som” que facilita a edição e manipulação do que uma pessoa diz, assim como uma start-up de Montreal chamada Lyrebird.

Depois de editar as palavras de alguém de maneira seletiva, você pode pegar esse áudio e usar uma tecnologia desenvolvida na Universidade de Washington, EUA, para gerar um vídeo da mesma pessoa dizendo essas palavras, só que de uma maneira que soe ainda mais convincente.

O vídeo de Obama/Peele acima foi criado usando a tecnologia emergente FakeApp. O FakeApp é uma ferramenta grátis usada recentemente para inserir rostos de celebridades em vídeos pornô.

Parte do processo de criar esse vídeo envolveu pegar um vídeo original de Barack Obama e sobrepor a boca do ator Jordan Peele nele. Ficou muito ruim e esquisito, a princípio. Mas as coisas foram ficando incrivelmente melhores conforme o FakeApp teve mais tempo para processar uma junção mais crível da cabeça de Obama com a boca de Peele. O processo levou cerca de 56 horas e foi supervisionado por um profissional de efeitos de vídeo.

A boa notícia é que ainda é necessária uma boa quantidade de habilidade, poder de processamento e tempo para criar um "deepfake" que seja realmente bom.

A má notícia é que essas coisas tendem a ficar cada vez mais fáceis, mais baratas e mais difundidas do que você imaginaria – ou estaria pronto para encarar. Mesmo neste estágio inicial, está se provando difícil para os humanos distinguir "deepfakes" de vídeos reais, de acordo com Matthias Niessner, que chefia o Laboratório de Computação Visual da Universidade Técnica de Munique (Alemanha) e lidera a pesquisa do Face2Face.

"Fizemos uma pesquisa com usuários em que pedimos a eles para distinguir vídeos falsos de reais– e parece que nós, humanos, não somos muito bons nisso", contou ao BuzzFeed News.

É por isso que especialistas em ciência da computação vêm alertando que uma era de "deepfakes" pode ajudar a gerar um “infoapocalipse”.

Niessner, entretanto, está esperançoso de que grupos como o dele estão fazendo progresso no treinamento de inteligência artificial para detectar um vídeo falso. "Já conseguimos treinar diversas redes neurais que são muito boas para discernir imagens e vídeos falsos. Idealmente, criaremos métodos automatizados em um navegador ou plataforma de rede social que dirá o que é falso e o que é real", disse.

Mesmo hoje a tecnologia para criar vídeos falsos convincentes já está disponível, graças ao FakeApp. A tecnologia para identificá-los, no entanto, ainda não. É aí que entra você.

Existem algumas dicas básicas que você pode seguir para garantir que não seja facilmente enganado(a). Se mais gente estiver equipada para identificar um vídeo falso, o mundo vai ter uma chance maior de impedir um inferno distópico com vídeos falsos perfeitos que nos façam coletivamente perder a noção da realidade.

1. Não tire conclusões precipitadas

"Evite tirar conclusões sem informações adicionais e confirmação", disse Hany Farid, professor de Ciência da Computação da Faculdade de Dartmouth e um dos especialistas mundiais em ciência forense de imagens.

Espere e veja que outras informações surgem sobre o vídeo ou conteúdo em questão, e espere antes de compartilhar com outros. Isso é especialmente verdadeiro em casos de notícias de última hora, em que as informações se espalham rapidamente e frequentemente estão erradas ou mal-interpretadas nas horas iniciais.

2. Analise a fonte

Preste atenção no lugar em que o conteúdo se originou. Ele foi enviado por uma conta qualquer em uma rede social? Quem está afirmando ser a origem, e de onde a pessoa diz que veio a notícia?

3. Verifique onde mais a notícia está (e não está) na internet

Faça uma busca on-line com o título do vídeo ou outras palavras-chave relevantes para ver se veículos de notícias confiáveis e a pessoa ou entidade que aparecem fizeram algum comentário.

De novo, não se apresse para chegar a uma conclusão antes de consultar diversos canais de notícias.

4. Preste atenção na boca

Farid diz que os vídeos "deepfake" de hoje muitas vezes têm sinais reveladores. Uma coisa para observar atentamente é a boca da pessoa que estiver falando, pois essas ferramentas muitas vezes têm dificuldade em "renderizar corretamente os dentes, língua e interior da boca. Portanto, fique atento à boca para identificar [anomalias visuais].”

5. Desacelere

Farid também incentiva as pessoas a desacelerar e pausar partes do vídeo para observar mais de perto. "Desacelerar um vídeo para poder ver claramente a transição de um quadro para outro, às vezes, pode revelar falhas de tempo que são introduzidas em vídeos manipulados", disse.

Você não precisa ser especialista em inteligência artificial ou engenharia de vídeo para se proteger e ajudar a evitar que vídeos falsos e outros conteúdos enganosos se espalhem. Só é preciso um pouco de paciência e ceticismo. Para seguir o conselho atemporal de Obama/Peele: olhos abertos, vadias.

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Este post foi traduzido do inglês.

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