O ministro do STF Gilmar Mendes rebateu nesta sexta-feira declarações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que em entrevista a diversos veículos de imprensa e em seu futuro livro narra que chegou a ir armado ao Supremo com a intenção de assassinar o magistrado.
“Recomendo que procure ajuda psiquiátrica”, disse em nota. “Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País”, diz outro trecho.
O motivo do quase assassinato, segundo Janot, teria sido a veiculação de notícias dando conta de que a filha do ex-procurador era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava Jato. O então chefe do Ministério Público identificou em Mendes a fonte da informação e foi armado ao STF disposto a dar um tiro no ministro.
Em seu livro, diz que daria um tiro em Mendes e se suicidaria na sequência. O ato só não ocorreu porque a mão invisível do bom senso teria o impedido segundos antes do ato.
Veja a íntegra da nota de Mendes sobre o episódio:
“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.
Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”