Procuradoria trabalhou no recesso para acelerar novos inquéritos contra políticos

    Contando com homologação, Rodrigo Janot já está com quase tudo pronto para apertar o botão do fim do mundo a partir da delação da Odebrecht.

    Apelidada de delação do fim do mundo, os frutos da colaboração da Odebrecht não vão demorar a aparecer.

    Contando com a homologação, que acabou sendo feita por Cármen Lúcia nesta segunda-feira, procuradores já vinham trabalhando em cima dos depoimentos dos executivos da maior empreiteira do país.

    Por isso, nos próximos dias o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tomará uma série de medidas a partir das delações.

    A maior parte do material será enviado a instâncias inferiores para a instauração de novos inquéritos e para instrumentalizar processos já abertos, como aqueles contra Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Dilma Rousseff e ex-integrantes do governo do PT, por exemplo.

    Outra parte, com foco no PMDB, PP e PSDB, deve seguir no STF, uma vez que os caciques de tais siglas possuem foro privilegiado.

    O material será usado tanto para robustecer investigações em andamento quanto para a formulação de novos pedidos de abertura de inquéritos, como acontecerá com o senador Aécio Neves, entre outros políticos.

    Segundo procuradores ouvidos pelo BuzzFeed, o trabalho durante o recesso fará com que a formalização de investigações a partir das delações da Odebrecht sejam rápidas.

    O sigilo do material, no entanto, deve ir na contramão do que muitos esperam (e nesse ‘muitos’ estão o governo e a própria Odebrecht).

    Como as delações vão resultar em pedidos de quebras de sigilos e buscas e apreensões, parte do material seguirá por um bom tempo longe dos olhos do público.

    A tendência é que trechos das delações venham à tona à medida que novos inquéritos sejam abertos e informações sejam enviadas para investigações em andamento.

    Ou seja, de um jeito ou de outro, a revelação das delações – fora vazamentos – será feita paulatinamente, o que apavora o governo.

    No Palácio do Planalto, a avaliação é que a divulgação paulatina gera uma espécie de crise permanente, inviabilizando a governabilidade no Congresso (onde muitos são citados) e, consequentemente, a economia.

    Devido a isso, tudo o que Michel Temer queria era que as delações viessem à tona de uma vez.

    Nesse caso, seria como 'apanhar somente numa ocasião' e, depois disso, fazer substituições e seguir com a administração.

    O mesmo raciocínio é usado pela Odebrecht, que não quer ver sua marca semana após semana associada à corrupção, especialmente num momento em que a empresa está prestes a alcançar seu objetivo maior: a conclusão de seu acordo de leniência.

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