Enquanto os aliados de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República enxergam na ação apresentada junto ao STF para identificar quem organizou e financiou atos pró-ditadura que ocorreram no último fim de semana como um ato em defesa da democracia, um outro núcleo dentro da PGR faz uma leitura bastante diferente.
De acordo com estes colegas de carreira que estão politicamente distantes de Aras na PGR por terem defendido a lista tríplice para a escolha do chefe do MPF, a ação, que apesar de tratar de um evento que contou com a presença do presidente da República, mas deixa-o longe de qualquer investigação, seria uma jogada no tabuleiro de xadrez em que o prêmio é a cadeira de Celso de Mello, no STF.
O ministro completará 75 anos em novembro, e o presidente Jair Bolsonaro fará sua primeira indicação à corte máxima do país.
Não é de hoje que Aras busca uma vaga numa corte superior. Ainda em 2013 disputou a cadeira que era ocupada por Cesar Asfor Rocha no STJ. Perdeu e viu o assento ser ocupado por Rogerio Schietti.
Na avaliação deste grupo de procuradores, ter o controle de uma investigação de escopo amplo, e que em tese poderia levar a algum tipo de responsabilização do presidente caso fosse este o interesse, mais que uma mera ação judicial, seria um trunfo político.
Já o grupo ligado a Aras avalia que o presidente, por não ter pedido o fechamento das instituições em seu discurso, acaba por ficar de fora de algum escopo criminal, e por isso nenhum tipo de investigação sobre sua conduta foi promovida.