Dois dias de muito liberalismo econômico e ataques à esquerda — especialmente ao PT.
Foi isso o que vimos no último final de semana no centro de eventos do World Trade Center em São Paulo, onde aconteceu o 3º Congresso do MBL (Movimento Brasil Livre).
Com programação extensa e palestrantes que iam de militantes a economistas e políticos, o evento reuniu cerca de mil pessoas no seu primeiro dia, que teve entre os destaques os prefeito João Doria (PSDB-SP) e Nelson Marchezan (PSDB-RS).
Sem estrutura formal como a de um partido, o congresso do MBL não serve para a disputa por postos de comando no movimento.
Funcionando, do ponto de vista organizacional, mais como uma empresa, o MBL tem como principais líderes os irmãos Renan e Alexandre Santos, o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), o estudante Kim Kataguiri e o youtuber Arthur do Val. Cabe ao grupo a coordenação nacional do movimento e ele tem o poder de tirar ou colocar coordenadores regionais nos diversos Estados em que atuam.
Sem briga entre chapas, o congresso, na prática, serve para reunir a militância, debater o liberalismo, alinhar o discurso do grupo em temas como economia, segurança, conservadorismo e para convencer jovens a entrarem de maneira formal na política, disputando cargos eletivos.
E, claro, para bater na esquerda e em especial no PT.
Quem quis participar do evento teve que colocar a mão no bolso. O ingresso antecipado para os dois dias custava R$ 100. À medida que eram vendidos, o preço subia e chegou a R$ 100 somente para o sábado.
E muita gente apareceu.
Para financiar o movimento, o grupo ainda estimulava filiações, que tem como contribuição mensal mínima R$ 30. Muita propaganda foi feita sobre isso no fim da semana.
E, tal como em outros congressos políticos, também havia ali uma lojinha para vender produtos do MBL.
LIBERAL NA ECONOMIA E CONSERVADOR NOS COSTUMES
Logo no início do evento, o estudante Kim Kataguiri, principal candidato a deputado federal "nascido" dentro do MBL, deu o tom dos debates.
"Hoje, quem busca apoio de todos os setores vai apanhar de todos os setores", disse. Por isso, afirmou Kim, a hora é de tomar posição e não ter vergonha de dizer que é liberal, conservador e de direita.
Sobre candidaturas, Renan disse que o MBL não deve apoiar nenhum candidato à Presidência no primeiro turno do pleito. O foco do grupo será a montagem de uma bancada de deputados usando tanto pessoas que iniciaram na política dentro do movimento quanto políticos já eleitos que hoje se aproximam do MBL.
LADRÕES NA ESQUERDA
Durante as palestras, não faltaram petardos para a esquerda, que eram quase sempre aplaudidos.
Nos intervalos entre as palestras, o pessoal era bastante ordeiro.
Além dos políticos e economistas, o congresso também teve filósofos na programação, entre eles Luiz Felipe Pondé.
Quem foi ao congresso recebeu um panfleto no estilo zine.
Ligado ao grupo desde sua campanha, o prefeito de São Paulo, João Doria, já não está tão nas graças do movimento. Está certo que ele foi bastante aplaudido no congresso, mas, dentre os tucanos que foram ao evento, a turma do MBL gostou mais da palestra de Nelson Marchezan.
Ah, e teve também um vídeo produzido pelo MBL para sua militância.
No segundo dia, a coisa era mais ligada à organização interna. Teve prestação de contas de políticos com cargos ligados ao movimento e afinação do discurso.