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Assim está sendo o dia dos assessores do PT que NÃO ganharam no bolão da Mega-Sena

Além de terem que trabalhar depois de os colegas ganharem R$ 120 milhões, eles ainda têm de escapar de repórteres, amigos e familiares que a toda hora fazem a mesma pergunta: e aí, você ganhou?

Quem vai ao escritório da liderança do PT na Câmara dos Deputados nesta quinta (19) depara-se com um grupo de repórteres que aborda qualquer pessoa que entra ou sai do local questionando se ela é uma das ganhadoras da Mega-Sena.

O prêmio de ontem, de R$ 120 milhões — R$ 120.085.143,97, para ser exato —, saiu para um bolão dividido entre 49 assessores do partido.

Alguns respondem de forma bem-humorada. “Acha que eu estaria aqui se tivesse ganhado? Estou indo esquentar minha marmita no micro-ondas. Acha que eu ganhei?”, diz uma das assessoras da liderança.

Outros, fecham a cara num misto de raiva e tristeza. “Não, não sou um dos ganhadores”, diz um homem que deixa o local próximo ao horário do almoço.

“Não, não ganhei. E ontem quase não dormi depois de saber do prêmio para os colegas”, diz outra funcionária.

Ao contrário de outras quintas-feiras, a liderança está esvaziada. Os funcionários que transitam para dentro e para fora do gabinete juram que boa parte dos ganhadores veio trabalhar, pois todos têm responsabilidades com o partido.

Mas achar alguém que se identifique como um dos vencedores é difícil. Durante o período da manhã e início da tarde, se algum vencedor esteve no local, ou passou despercebido ou negou ter sido um dos vencedores do prêmio.

Numa das salas da liderança, com ao menos 12 lugares, um grupo de cinco assessores comentava a vitória dos colegas. Diziam que a todo o momento amigos (alguns bem distantes) e familiares mandavam mensagens de WhatsApp ou telefonavam perguntando sobre o prêmio.

Apesar do clima de tristeza, havia agitação no local. Enquanto eu estava na sala, vi muitos funcionários de pé, andando pelo recinto e tentando, em algumas ocasiões, fazer brincadeiras para tentar esquecer que ficaram de fora do bolão premiado.

Enquanto conversavam, a TV instalada exibia uma reportagem em que o repórter perguntava a um assessor: “você foi um dos ganhadores?”. E o assessor respondia baixinho (sendo necessário o uso de legendas para entender o que ele disse): “Não, velho, não ganhei”, disse rapidamente ao entrar.

A reportagem levou a quem estava na sala a gargalhadas. O assessor entrevistado estava no local. Muitos brincaram com o colega e diziam que logo o mais irritado com a história foi o que apareceu no telejornal.

Também pudera: de acordo com os relatos, o funcionário era um dos mais assíduos apostadores do bolão. Por acaso acabou não participando desse — ele estava em outro local quando as apostas foram fechadas.

Enquanto seus colegas zombavam dele, o semblante do assessor era o de quem tinha testemunhado a morte de seu cachorro de estimação.

Um bolão feito por 49 pessoas da área técnica da liderança do PT na Câmara dos Deputados levou o prêmio de R$ 120.085.143,97 da Mega-Sena na noite de ontem.

Para além da sala da liderança, a Mega-Sena contagiou os demais recintos da Câmara. Ao encontrar assessores de outros partidos, questionei se haviam visto no trabalho, hoje, os colegas do PT que venceram o bolão.

“Nem fui lá, não quero nem passar perto. Que raiva”, disse um assessor do PSB.

Em todo os cantos da Câmara, o tema da conversa era o mesmo. No restaurante que fica ao lado da liderança do PT, todas as mesas falavam sobre o prêmio.

Um grupo de assessores do Senado dizia que estava difícil explicar para a família que eles eram da outra Casa Legislativa e não tinham nada a ver com o prêmio.

Noutra mesa quem almoçava discutia se com R$ 2,4 milhões, que é o valor que cada um dos ganhadores deve receber, seria possível parar ou não de trabalhar.

Alguns acreditavam que sim: que, fazendo os investimentos corretos, seria possível sobreviver com a renda do prêmio.

Outros diziam preferir seguir trabalhando, mas saindo sempre às 18h em ponto e sem ter que aguentar encheção de saco de chefes — ou bastaria pedir demissão.

No início da tarde, a maioria dos assessores do PT que foram ao trabalho estava em suas salas. Com o plenário esvaziado, o restante da Câmara seguia sua rotina das quintas-feiras: o marasmo no aguardo da próxima terça, quando quem não ganhou na Mega-Sena verá o retorno da atividade política e a possibilidade de falar sobre outro assunto além da chance perdida de virar milionário.

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