Apesar de o governo ter conseguido criar no debate público um cenário em que haveria possibilidade de se votar a reforma da Previdência, e de ela ser aprovada, a realidade vem se impondo de maneira diferente.
A reforma, que vem tendo data marcada para ser votada desde outubro, será novamente adiada.
Líderes do governo na Câmara já admitem que o tema não entrará na pauta na semana que vem. Simplesmente porque a base ainda está longe de alcançar os 308 votos necessários para sua aprovação.
De acordo com Beto Mansur (PRB-SP), que é um dos mais aguerridos aliados de Temer no Congresso, não será possível votar a reforma na semana que vem e, caso ainda exista chance neste ano, ela ficará para a última semana de trabalhos do Congresso.
O sentimento é o mesmo nas bancadas governistas dos diversos partidos. Até mesmo dentro do PMDB, partido de Temer, os deputados já admitem que, na semana que vem, será muito difícil apreciar a matéria.
Sabendo que não conta com votos para aprovar a Previdência, o governo resolveu fazer um jogo midiático com o tema.
A ideia é seguir mostrando empenho em aprovar a reforma até o último instante de 2017. Com isso, o governo tentará segurar o apoio do mercado, que legitimou a atual gestão justamente para que ela promova alterações na Previdência e em outros setores politicamente sensíveis.
Com o discurso público, governistas vão esperar o final do ano e jogarão a reforma para 2018. A estratégia visa ganhar um tempo.
Em duas semanas terá início o recesso de fim de ano. Nele, o governo e sua base poderão respirar e, em fevereiro de 2018, voltar a defender a reforma, mesmo que o ano eleitoral dificulte ainda mais sua aprovação.