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EXCLUSIVO: Hackers invadiram Dropbox e e-mail de ministro do TCU que investiga empréstimos do BNDES

O alvo do ataque foi Augusto Sherman, que mandou instaurar auditorias sobre as operações do BNDES para liberar dinheiro para o Porto de Mariel, em Cuba, e obras na Venezuela e Angola. Os dados foram apagados.

Contas de e-mail e de Dropbox do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Sherman foram hackeadas e os dados foram apagados pelos invasores.

No Tribunal de Contas, Sherman é relator das auditorias que investigam empréstimos do BNDES no exterior.

Entre esses empréstimos, as investigações miram países com que os governos do PT, tanto na Presidência de Lula quanto na de Dilma Rousseff, tinham interesse em promover aproximações políticas e comerciais, como Cuba, Venezuela e Angola.

Os empréstimos, milionários, foram usados para financiar obras com empresas envolvidas com a Lava Jato, como Odebrecht, Camarago Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.

Segundo investigadores que estão cuidando do desaparecimento dos dados, ainda não é possível saber, devido ao estágio inicial das apurações, se os ataques vieram de algum dos países que receberam os empréstimos.

Também é cedo para se descartar a possibilidade de invasões domésticas ou até mesmo uma possível – mas improvável – coincidência de o ministro ter sido vítima de um ataque aleatório.

Segundo profissionais de Tecnologia da Informação (TI) que estão envolvidos com o caso, em invasões como a feita nas contas de Sherman, os dados não são simplesmente apagados, mas copiados pelos criminosos antes da destruição dos e-mails e dos arquivos no Dropbox.

Por isso, em tese, os invasores possuem informações pessoais e também do trabalho de auditoria desenvolvido por Sherman sobre os empréstimos do BNDES.

Fontes no TCU dizem que nos e-mails e na conta de Dropbox não havia informações novas e sensíveis sobre as auditorias em andamento, mas sim relatórios e acórdãos de outros processos que já investigaram e constataram algumas irregularidades nos empréstimos.

De acordo com integrantes do TCU e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas (MPTCU), que pediram para não ser identificados, os hackers, mesmo sem novos documentos, podem entender as linhas de investigações de Sherman e entender para onde deve caminhar seu relatório a partir do compilado de pareceres e acórdãos já publicados sobre o tema e estavam nas pastas hackeadas.

Entre os investigadores e também entre membros do TCU e do MPTCU, há ainda uma outra preocupação: o uso indevido de possíveis dados pessoais obtidos pelos criminosos na invasão.

Em tempos de exposição em redes sociais, diz uma fonte da corte ligada ao processo, conversas pessoais com parentes ou amigos poderiam ser matéria-prima para extorquir ou chantagear uma autoridade, ainda que não se trate de ilegalidade em si.

Empréstimos

Apesar de diversos empréstimos do BNDES ao exterior já terem sido objeto de investigação pelo TCU – e alguns com apurações em andamento pelo Ministério Público Federal –, Sherman resolveu, em junho, abrir sete novas frentes para averiguar o repasse de recursos a países então alinhados com os governos do PT.

Nas novas auditorias, que devem aprofundar as já realizadas, está a do Porto Mariel, em Cuba, que recebeu financiamento de US$ 638 milhões pelo BNDES e teve a obra executada pela Odebrecht. No câmbio de hoje, o financiamento gira na casa dos R$ 2,6 bilhões.

Na Venezuela, há financiamentos para o metrô de Caracas, de US$ 1,28 bilhão, e o estaleiro de Astialba, com US$ 638 milhões. Somadas, chegam aos R$ 7,9 bilhões no câmbio atual.

Em Angola os financiamentos para diversas obras alcançam a casa dos US$ 1,34 bilhão – ou R$ 5,5 bilhões.

Há ainda outros US$ 283 milhões a serem auditados pelas obras de irrigação e drenagem do rio Salado, na Argentina (R$ 885 milhões no câmbio de hoje).

Calote

Em relação aos empréstimos do BNDES, vale destacar que Venezuela e Moçambique já deram um calote no BNDES no valor de R$ 1,16 bilhão ao não pagar parcelas de empréstimos.

Quem acabou pagando foi o contribuinte brasileiro, que viu recursos do seguro desemprego sendo usados para quitar as dívidas.

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