Depois de um domingo agitado, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Thompson Flores, manteve preso o ex-presidente Lula.
Num dia insólito para o mundo do direito, de tudo aconteceu. Houve desembargador decidindo contra caso já julgado por órgão colegiado, juiz de primeiro grau mandando a PF não cumprir decisão de desembargador, entre outras situações inusitadas.
Tudo teve início após o desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, acatar pedido de liberdade feito por deputados do PT que pediam a soltura de Lula.
Ao analisar o pedido, Favreto disse que um fato novo deveria ser levado em consideração: Lula ser pré-candidato à Presidência. E, para garantir a isonomia do processo eleitoral, Lula deveria ser posto em liberdade para participar de debates e sabatinas que estão acontecendo.
O fato de Lula estar inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa não foi levado em conta pelo desembargador.
Ainda nesta manhã, pouco tempo após a determinação de soltura, quem entrou em ação foi o juiz Sérgio Moro, que estava de férias, mas fez um despacho pedindo para a PF não soltar Lula.
Com o imbróglio formado, um outro personagem também apareceu: o relator do processo de Lula no TRF-4, Gebran Neto.
Numa decisão, disse que Lula deveria ficar preso e determinou a imediata remessa dos autos para seu gabinete.
Favreto não gostou nada do despacho do colega e fez um novo. Ele reiterou que Lula deveria, sim, ser solto e deu uma hora para a PF fazer isso.
Num movimento conjunto entre o TRF-4, Ministério Público Federal e a própria PF, os policiais se negaram a soltar Lula e aguardaram um posicionamento de Thompson Flores, que preside a corte.
A decisão final para manter Lula preso foi dada após o Ministério Público apresentar um pedido de suspensão de liminar, que obrigatoriamente é enviado para a presidência do tribunal em que é apresentado.
Com isso, Flores rebateu a decisão de Favreto, disse que Lula ser candidato não é, em lugar nenhum, um fato novo, e decidiu que o processo todo deve ficar com o relator Gebran Neto, que já havia determinado a manutenção da prisão.
Com isso, após um longo domingo de idas e vindas, Lula seguirá preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).