Enterrada a segunda denúncia contra Michel Temer, boa parte da base do presidente no Congresso não quer nem ouvir falar de reforma da Previdência.
Desgastados com eleitores após a operação que salvou o governo com os votos de 251 deputados, agora os congressistas querem uma agenda leve e popular para tentar garantir suas reeleições.
Apesar do desejo, nem mesmo 24 horas se passaram da votação da segunda denúncia e pelo menos dois ministros, Eliseu Padilha e Henrique Meirelles, já deram declarações públicas de que deve haver um esforço do Congresso para a aprovação da reforma.
Devido a isso, integrantes da base estão enviando recados ao Planalto e dizem que o governo será derrotado se insistir na Previdência como sua pauta prioritária para os 14 meses finais de governo.
Em conversas reservadas, deputados dizem que o voto para salvar Temer foi a última cota de sacrifício dada a um governo que, segundo o Datafolha, só é bem avaliado por 5% do eleitorado.
Além de pressões dentro das próprias famílias e em redutos eleitorais, muitos deputados se queixavam, ontem, do volume de mensagens recebidas em redes sociais após os votos para livrar Temer da segunda denúncia.
Por isso defendem uma agenda que trate, nas próximas três semanas, de temas ligados à segurança pública — entre eles, projetos que dificultam a progressão de regime para presos que cometeram crimes hediondos, maior rigor e tempo de penas nos casos de contrabando e roubos de carga, e matérias que valorizem policiais e recrudesçam sanções para quem os mata.
Passada a etapa da segurança, querem a apreciação de matérias que permitam um maior diálogo com eleitores, como o novo FIES e a reestruturação do Minha Casa Minha Vida, por exemplo.
Segundo disse ao BuzzFeed News um importante líder governista da Câmara, fazer a reforma da Previdência é pedir demais da base neste momento.