Depois de salvar o presidente Michel Temer de sua denúncia por corrupção passiva, os deputados vão correr agora para salvar os próprios mandatos.
Na próxima terça-feira a comissão da reforma política vai se reunir e deve aprovar o chamado ‘distritão', que vai alterar a maneira como os deputados e vereadores são eleitos.
No sistema atual, o número de votos de um partido define quantas cadeiras ele terá no parlamento. A partir disso, os mais votados dentro da legenda levam o mandato.
O modelo permite que candidatos com poucos votos sejam eleitos e outros, com muitos, não.
Um exemplo é o do ex-deputado Enéas Carneiro. Ele obteve 1,5 milhão de votos em 2002 e, além do próprio mandato, garantiu outras cinco cadeiras na Câmara.
Um dos que viraram parlamentar na carona de Enéas teve 275 votos, bem abaixo de muitos outros que disputaram a eleição e perderam.
No chamado ‘distritão', os candidatos mais votados de cada Estado ocupam as cadeiras do parlamento.
O sistema é defendido por muitos deputados por ser uma forma de garantir seus mandatos.
Como só os mais votados são eleitos, políticos em atividade saem na frente pois já são conhecidos, levam recursos públicos para suas bases e quase sempre estão em posições de comando em seus partidos nos Estados.
Para aprovar o ‘distritão’, um dos deputados da comissão da reforma política irá apresentar um relatório substitutivo ao de Vicente Cândido (PT-SP), que é favorável ao sistema distrital misto, em que os eleitores dão um voto ao partido e um ao candidato.
Além do ‘distritão’, os deputados vão cuidar de suas finanças.
Um fundo com cerca de R$ 4 bilhões deve ser criado para financiar as campanhas.
Também será votado um limite para que pessoas físicas façam doações.
Outra questão que deve ser aprovada é uma cláusula de desempenho para tentar reduzir o número de partidos.