O presidente Jair Bolsonaro já informou a aliados que vai exonerar o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Bolsonaro bateu o martelo, segundo auxiliares do presidente, após o vazamento de mensagens por Bebianno com Bolsonaro nesta sexta (15). O ex-homem-forte da campanha de 2018 vinha sendo fritado desde terça-feira por Carlos Bolsonaro.
Nos últimos dias, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, os ministros militares e até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) operaram para segurar Bebianno no cargo para evitar o desgaste de passar a mensagem de que os filhos do presidente influenciam as decisões do Planalto. Nesta sexta, este grupo informou que o ministro permaneceria no cargo.
Em se confirmando a demissão, contudo, a família do presidente se firma como núcleo-duro do Planalto em detrimento das alas política e militar do palácio.
O inferno de astral de Bebianno teve início com revelações do jornal Folha de S.Paulo sobre recursos do fundo partidário destinados a candidatas supostamente laranjas. Durante as eleições, Bebianno era o presidente nacional do PSL.
Nos últimos dias, com a crise ganhando corpo, Bebianno travou uma batalha para tentar se segurar no cargo.
Num movimento político, no início da semana, o ministro negou problemas e alegou que estava em contato permanente com o presidente enquanto ele se recuperava de uma cirurgia no hospital Albert Einstein.
De bate-pronto, Bebianno foi desmentido pelo filho mais velho de Bolsonaro, o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos.
No Twitter, o 02 (como Bolsonaro se refere ao segundo filho) chegou a publicar um áudio do presidente dispensando rispidamente um interlocutor de nome Gustavo. O próprio Bolsonaro retuitou uma das mensagens de Carlos, reforçando as críticas ao então aliado.
Nesta sexta, após esforço, Bebianno conseguiu formar uma coalização para tentar se segurar na pasta e contou com o apoio dos ministros Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni, Santos Cruz e de Augusto Heleno, além do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O grupo tratou de vazar para a imprensa que Bebianno seguiria no cargo pois a exoneração de importante aliado poderia prejudicar a votação da reforma da Previdência.
Além disso, existiram insinuações de que a demissão de alguém como Bebianno, que participou de todas as etapas da campanha, poderia gerar dores de cabeças e problemas jurídicos para o governo.
Em conversas reservadas, pedindo a jornalistas para que não tivessem suas identidades reveladas, fontes do governo ainda disseram que Carlos Bolsonaro seria enquadrado e deixaria de se intrometer em assuntos do governo federal.
Carlos, conhecido por seu comportamento agressivo no Twitter, realmente ficou sem atacar ninguém nas últimas 24 horas na rede social.
Esteve na Câmara do Rio de Janeiro, que retomou as atividades nesta sexta após o recesso, e tal comportamento acabou por servir como uma espécie de confirmação sobre as informações repassadas pelo grupo de Bebianno.
Por outro lado, o próprio Bebianno fez chegar à imprensa alguns dos áudios que trocou com Bolsonaro via WhatsApp enquanto o presidente estava internado.
A tentativa de mostrar que não havia mentido acabou por irritar o presidente. Nesta tarde, Bolsonaro disse a pessoas próximas que o vazamento das conversas extrapolaria qualquer possibilidade de manter uma relação de confiança com o seu ministro.
Após uma reunião na noite de hoje, ele informou a aliados que bebianno não fará mais parte do governo.
Apesar da posição do presidente, Bebianno e o alguns de seus aliados no PSL lutarão durante o fim de semana para tentar reverter a decisão de Bolsonaro, uma vez que a exoneração do ministro só deve ser publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira.
Bebianno, que até o início da campanha era um desconhecido advogado que viveu longe da política colecionou inimigos em sua ascensão meteórica rumo ao Palácio do Planalto.
Ele controlou o partido com mão de ferro, impediu o acesso de diversos aliados históricos de Bolsonaro ao presidente e entrou em disputas por espaço até mesmo com os filhos do chefe durante a campanha.
Após a vitória, pessoas do governo mais ligadas à família do presidente já apostavam que seria uma questão de tempo para que Bebianno fosse defenestrado do grupo político.