Ao lado de Juan Guaidó no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro comparou o Brasil à Venezuela e disse que o país estava num caminho semelhante da nação vizinha. Mas, vendo o que de negativo por lá acontecia, a população “acordou" e deu um basta de populismo e demagogia barata que seriam responsáveis pela atual crise.
“O Brasil, ouso dizer, estava num caminho semelhante. Graças a Deus o povo aqui acordou e, em parte, se mirou no que acontecia negativamente em seu país e resolveu dar um ponto final no populismo, na demagogia barata que leva exatamente à situação que o seu país se encontra no momento", disse.
Apesar da comparação e de dizer que o Brasil estava num "caminho semelhante" ao da Venezuela, há algumas diferenças significativas na situação econômica e no ambiente institucional dos dois países.
Entre 2013 e 2017 o PIB da Venezuela teve uma queda de 37%, no ano passado a inflação superou a casa dos 1.000.000%. Não há dados confiáveis sobre o desemprego no país mas, de acordo com estudo da Universidade Católica Andrés Bello, em 2017 cerca de 90% dos venezuelanos viviam abaixo da linha da pobreza, com renda familiar inferior a 5,50 dólares por dia.
Além disso, a última eleição no país, que reelegeu Nicolás Maduro, não foi reconhecida pela Organização dos Estados Americanos devido a inúmeras suspeitas de fraudes e teve uma abstenção de 54%.
Maduro governa hoje e se mantém no poder devido ao apoio das Forças Armadas.
No Brasil, entre 2013 e 2017 o país teve dois anos de recessão, com variação negativa do PIB de 3,5% (2015) e 3,3% em (2016). A economia vem se recuperando, mas com lentidão, tendo avançado 1,1% em cada um dos últimos dois anos. A inflação do país ficou em 3,75% no ano passado.
De acordo com dados do IBGE, em 2017 a população que vivia abaixo da linha da pobreza representava 26,5%.
O ambiente institucional não tem semelhanças. Em 2016, houve o impeachment da presidente por votação do Congresso e o processo foi reconhecido como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Nas últimas eleições a abstenção foi de 20,3% e Bolsonaro foi eleito com mais de 57 milhões de votos, sendo imediatamente reconhecido pela oposição.
Lula e Chávez
E rápido discurso, o presidente ainda falou que o Brasil é, em parte, responsável pelo que está acontecendo na Venezuela devido ao apoio dado à relação dos governos de Luiz Inácio Lula da SIlva e de Dilma Rousseff com Hugo Chávez e com o próprio Nicolás Maduro.
“Faço uma mea-culpa aqui pois dois ex-presidentes do Brasil tiveram parte, ou foram em parte responsáveis, pelo que vem acontecendo na Venezuela hoje em dia”, disse.
Bolsonaro ainda reiterou que irá apoiar os esforços diplomáticos internacionais que visam a deposição de Maduro e a realização de eleições livres na Venezuela sob a presidência interina de Guaidó.
“Não pouparemos esforços dentro da legalidade, da nossa Constituição e de nossa tradição para que a democracia seja reestabelecida na Venezuela (…) Deus é brasileiro e venezuelano”.
Guaidó, por sua vez, agradeceu o apoio, reclamou das condições políticas e sociais de seu país e disse que seguira na luta para garantir a realização de eleições em seu país.
Além disso, também disse que, apesar das ameaças de Maduro, que promete lhe prender caso ele retorne para a Venezuela, disse que nos próximos dias voltará para seu país.