Antes de Renan, outro alagoano já havia dobrado o STF

    Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, ameaçou ministros da corte antes de julgamento de habeas corpus para adversários políticos; ele venceu.

    No dia seguinte à vitória de Renan Calheiros, que mesmo tendo desrespeitado o STF ao não cumprir uma decisão judicial foi mantido no cargo de presidente do Senado pela mesma corte, alguns parlamentares relembram que o senador não foi o primeiro alagoano a desafiar o Supremo e vencer a queda de braço.

    Estes parlamentares falam sobre o segundo presidente do Brasil, Floriano Peixoto.

    Nascido em Maceió (AL), Floriano assumiu a presidência em 1891 após a renúncia de Deodoro da Fonseca.

    No ano seguinte, mandou prender uma série de adversários políticos, entre eles senadores, deputados, jornalistas e oficiais do Exército.

    Ao saber das prisões, Rui Barbosa, mesmo sem solicitação dos familiares dos presos, foi ao Supremo com um pedido de habeas corpus.

    Conforme contam os livros de história e é ensinado nas faculdades de Direito, pouco antes do julgamento do pedido de liberdade foi atribuída a Floriano a seguinte frase:

    "Se os juízes concederem habeas corpus aos políticos, eu não sei quem amanhã lhes dará o habeas corpus de que, por sua vez, necessitarão”.

    Dado o recado, a posição de Floriano foi mantida e os presos seguiram presos. O placar no Supremo foi de 10 x 1.

    Desde o episódio, a relação de Floriano com o Supremo só fez piorar.

    Contrariado com decisão da corte que considerou nulo o Código Penal da Marinha, ele deixou de fazer as necessárias indicações para vagas abertas na Corte. Também recusou-se a empossar o presidente do tribunal.

    Chegou ainda a nomear um médico, no caso, Barata Ribeiro, para o STF. Ele atuou quase um ano como ministro na Corte antes de ter seu nome rejeitado pelo Senado Federal.

    O STF, por sua vez, só começou a reagir aos ataques de Floriano em 1893, quando julgou novo habeas corpus de Rui Barbosa contra outros adversários do governo que foram presos e resolveu colocá-los em liberdade.

    Tal como aconteceu com Floriano, os caminhos do STF e de Renan ainda se cruzarão muitas vezes.

    No ano que vem o senador terá de votar as medidas de combate à corrupção propostas pelo Ministério Público, o projeto de abuso de autoridade e enfrentará os ministros nos processos da Lava Jato.

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