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Aliados já começam a buscar nome para substituir Temer em eleição indireta

Aliados consideram que o presidente errou ao jogar todas as suas fichas numa suposta edição da gravação de Joesley Batista. O receio deles é que a perícia judicial não encontre manipulações deliberadas.

Os ataques que o presidente Michel Temer fez a Joesley Batista e à credibilidade de sua gravação podem ter servido para que o presidente ganhasse tempo, mas não foram capazes de animar sua base.

Formalmente, os principais aliados do presidente na Congresso — PSDB e DEM — não romperam com o governo. Apesar disso, os partidos já não atuam com tanta discrição na busca de um nome que seja capaz de pacificar deputados e senadores para ser eleito numa eleição indireta.

A situação hoje, conforme apurou o BuzzFeed Brasil é que, tão logo esse nome seja definido, a base pode se dissolver e Temer terá de decidir entre a renúncia ou sofrer um processo de impeachment.

Há ainda, no horizonte, a saída TSE, que pode vir a cassar a chapa Dilma-Temer a partir do dia 6 de junho. Ela, no entanto, é vista com reservas por boa parte dos congressistas.

Isso porque há receio que a corte Eleitoral possa criar alguma manobra para convocar eleições diretas após a cassação da chapa, o que assusta a maioria que apoiou o impeachment de Dilma, que não quer perder o poder de eleger o próximo presidente.

Neste momento, nas discussões, são citados os nomes da presidente do STF, Cármen Lúcia e do ministro Gilmar Mendes.

Em relação a Cármen, há forte rejeição no Congresso. Gilmar, por sua vez, seria mais palatável pois, acreditam os deputados, seria capaz não de impedir, mas ao menos colocar limites na Lava Jato.

Apesar disso, o Congresso tende a preferir uma opção política, ou seja, colocar um político na presidência. O nome mais mais forte é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE): tem trânsito entre vários partidos e, como ficou anos afastado da política, não apresentaria (até onde se sabe) riscos de ser abatido por escândalos.

Outro nome, o preferido do mercado, é o de Henrique Meirelles, mas seu precedente de proximidade com Joesley Batista torna-se um obstáculo para o ministro da Fazenda de Temer. Meirelles presidiu o conselho de administração da J&F, a controladora da JBS.

A dificuldade de se encontrar um nome vem do fato de as principais lideranças da Câmara e do Senado estão envolvidas com a Lava Jato e muitos dos ministros que poderiam atuar para a recuperação econômica teriam problemas com seus passados após um maior escrutínio de suas vidas e possíveis novas revelações de delatores.

Nesse meio tempo, Temer tem sido orientado por aliados a resistir e a tentar desqualificar a operação Patmos, como fez em seu último pronunciamento.

O problema é que a força que o presidente colocou numa suposta edição de sua gravação com Joesley Batista já está sendo considerada como um erro por seu núcleo duro.

Há grande receio de que a perícia judicial não encontre edições e nem manipulações deliberadas para alterar o material.

Caso esse resultado se confirme, o governo viverá seu pior momento. Por outro lado, se a Justiça provar que existiram edições deliberadas, Temer usará este fato como cavalo de batalha e biombo para tentar esconder todos os demais crimes e entregas de malas de dinheiro revelados pela última operação.

E é justamente pelo número de variáveis e do cenário de total incerteza que, ao mesmo tempo em que parte da base vai hoje jantar com Michel Temer e lhe dar sinais de esperança, irá também aproveitar o banquete e o vinho já de olho num substituto para o anfitrião.

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