Uma das muitas frases espirituosas de Millôr Fernandes (1923-2012) pode dar a entender que o jornalista, dramaturgo, tradutor, humorista – e frasista – considerava a palavra escrita a forma de expressão superior. "Os chineses inventaram – e tudo que é bobo repete – que uma imagem vale mil palavras. Diz isso sem palavras!", desafiou.
Mas Millôr era também ilustrador. E nos desenhos, como em todas as outras atividades em que se meteu, deixou uma obra não só abundante, mas também de qualidade e originalidade excepcionais. A exposição Millôr: obra gráfica, aberta hoje (18) no IMS (Instituto Moreira Salles de São Paulo), é a primeira retrospectiva dedicada exclusivamente a seus desenhos, a maioria deles produzida para jornais e revistas.
São 500 originais selecionados pelos curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires. Há ilustrações feitas para o "Pif-Paf", seção que Millôr manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963, provocações à ditadura (1964-1985) publicadas n'O Pasquim, jornal que ele ajudou a fundar, autorretratos e exercícios de desenho – como os de paisagens e animais reunidos em "À mão livre", um dos cinco núcleos da exposição.