O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e alguns apoiadores mais próximos estão fazendo um esforço nos últimos dias para dizer que as manifestações de apoio a ele convocadas para este domingo (26) não são um ataque ao Congresso e ao STF.
O discurso é que a pauta das manifestações é outra, menos radical – e assim tentam não ampliar os atritos institucionais que caracterizaram estes primeiros meses de governo Bolsonaro.
Mas faltou combinar isso com a militância bolsonarista nas redes sociais.
Estas foram algumas das imagens mais compartilhadas ontem (21) em grupos acompanhados pelo WhatsApp Monitor, ferramenta criada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais):
Nos dias anteriores, o tom era ainda mais virulento, como nestas postagens de segunda-feira (20) – uma fala abertamente em fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Esta convocação para as manifestações muito compartilhada no dia 26 já citava apoio ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) e à Operação Lava Jato, mas abraçava uma pauta mais difundida entre as alas radicais do bolsonarismo: impeachment dos ministros do STF Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
A ferramenta da UFMG captura as imagens, vídeos, áudios, mensagens e links mais compartilhados em cerca de 300 grupos públicos de WhatsApp. Não é um retrato de tudo o que é compartilhado via WhatsApp porque a maior parte das trocas de mensagens é feita em conversas privadas, que são criptografadas.
Divisão na direita
As manifestações do dia 26 dividiram a direita e até o PSL do presidente Bolsonaro: o senador Major Olímpio disse que irá participar, enquanto a líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann, e a deputada estadual Janaina Paschoal criticaram a ideia.
O MBL (Movimento Brasil Livre), que participou das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, anunciou que vai ficar de fora do ato pró-Bolsonaro pois ele tem um "caráter antidemocrático", segundo o deputado federal e líder do MBL Kim Kataguiri (DEM-SP), justamente por causa das convocações com pedidos de fechamento do Congresso e do STF.