A estudante Maria Esthér Nora Sanches, 18, passou todo o ano de 2019 estudando exclusivamente para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ao ver sua nota da prova, tomou um susto. Primeiro, pensou que tinha errado algo. Depois descobriu que era uma das milhares de pessoas afetadas pelo erro nas notas da prova.
No sábado (18), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que havia "inconsistências" nas notas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O problema prático foi que pessoas que fizeram prova de uma cor tiveram seus gabaritos corrigidos como se tivessem feito provas de outra cor.
Todas as provas têm as mesmas questões, o que muda, no caso, é a ordem de cada uma. Segundo o jornal Folha de SP, o problema estaria em provas do 1º e do 2º dia.
Inicialmente, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que o número de estudantes afetados era algo em torno de 1% - o que representa cerca de 39.000 num universo de quase 4 milhões de candidatos. Hoje, em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro disse que o número de estudantes atingidos não passava de 5.000 e classificou o episódio como um "susto".
Em entrevista ao BuzzFeed News, Maria Esthér chegou a pensar que, mesmo acertando 39 das 45 questões de matemática e tirando uma nota de 431,3, o problema fosse ela.
"Achei que tivesse errado algo. Quando entrei no Twitter, vi que tinham outras pessoas falando do mesmo problema. Na hora, me assustei muito. Você vê um ano de estudo pra nada, por conta do erro de outros", disse a jovem, que concluiu o ensino médio em 2019 e passou o ano passado todo estudando para prova.
Grande parte das reclamações vêm da cidade de Viçosa, em Minas Gerais, mesma cidade onde a jovem fez o Enem. Porém, pessoas de outros lugares do Brasil alegam ter passado pelo mesmo problema.
A principal preocupação da estudante no momento é com o Sisu, Sistema de Seleção Unificada, que serve como seletiva para universidades federais e estaduais de todo o Brasil. De acordo com o governo federal, o início dos cadastrados está mantido para mesma data. Maria sonha em cursar medicina na Universidade Federal do Espirito Santos (UFES).
"Eles [o governo] deixaram a gente preocupado. Ouvi falar que a nota certa poderia ser divulgada até o fim da noite [dessa segunda]. É muito frustrante, não tenho ideia da minha nota do Enem e o Sisu começa amanhã".
Oposição ameaça acionar Ministério Público
O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse nesta segunda-feira que irá à Justiça caso o Ministério da Educação (MEC) não faça uma nova correção em todas as provas atingidas do Enem, embora ninguém saiba claramente quantas seriam.
“Depois de ter corrigido provas do Enem com o gabarito errado - erro jamais cometido -, o MEC decidiu somente garantir nova correção para os estudantes que a pedissem. Um absurdo", disse o deputado.
"O certo seria corrigir novamente todas as provas atingidas. Não bastasse isso, o MEC deu um prazo curtíssimo e indicou um e-mail congestionado para receber os pedidos. Se o ministro não voltar atrás e oferecer uma saída justa para os candidatos, irei ao Ministério Público contra essas decisões absurdas. É muita incompetência para quem disse que esse seria o melhor Enem de toda a história."