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A festa de ontem no Rooftop Berrini teve blackface, mas parece que ninguém viu problema nisso

Em nota, a empresa responsável pelo evento disse que "respeita a diversidade e a liberdade de expressão".

Uma mulher decidiu fazer blackface e se vestir de "Nega Maluca" – uma representação caricata de uma mulher negra – em uma festa à fantasia ontem (26) à noite no Rooftop Berrini, um espaço para eventos no último andar do Hotel Transamérica Berrini, no Brooklin, bairro nobre de São Paulo. E parece que isso não incomodou muita gente.

A festa era um evento do programa de pontos "Obra Prima", da empresa Telhanorte, e foi promovida para arquitetos e profissionais da área. A arquiteta Ana Paula Gaspar, que estava na festa, disse que a "fantasia" não chegou a incomodar as pessoas presentes.

Semana passada recebi um convite para ir na festa à fantasia da @telhanorte_ Tudo tava parecendo divertido até me deparar com essa mulher, que achou prudente ir vestida de blackface. Eu não consigo nem expressar tamanha frustração e raiva que eu senti, isso é inadmissível!!!

"Fui para a festa com alguns amigos e, assim que chegamos, um deles comentou que viu uma mulher de blackface e vestida de 'Nega Maluca'. Fiquei sem acreditar e fui abordar a mulher e ela estava super à vontade, não parecia um problema", disse a arquiteta ao BuzzFeed News.

Ana Paula disse que se sentiu desconfortável com a situação, mas que era a exceção dentro da festa. "Eu comentava com as pessoas como aquilo era inaceitável, mas a maioria abordava a mulher e elogiava a roupa, falava que a fantasia estava muito bonita."

Perto do final da festa, disse Ana Paula, as pessoas que estavam com as melhores fantasias foram ao palco para disputar um concurso, sendo que uma delas era a mulher vestida de "Nega Maluca". Ela foi aplaudida pelos participantes da festa, mas não ficou entre os vencedores.

Num artigo publicado no site Geledés - Instituto da Mulher Negra, a colunista Stephanie Paes falou sobre o problema do blackface e da "Nega Maluca":

"Quando trazemos esse contexto [o blackface praticamente nos EUA] para o cenário brasileiro e fazemos uma analogia à personagem carnavalesca Nega Maluca, temos um agravante na história: a caricatura de uma mulher negra, hipersexualizada, encarada como moeda de troca para o turismo sexual. O blackface dos Estados Unidos reforça o estereótipo do negro ridicularizado, a Nega Maluca do Brasil reforça o estereótipo da 'mulata exportação'."

O que diz a Telhanorte:
Em nota, a Telhanorte, responsável pelo evento, disse que "repudia com veemência atos de intolerância e discriminação e que respeita a diversidade e a liberdade de expressão".

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